Kenia: Polícia trava manifestações para impedir novos tumultos
A polícia kenyana impediu a realização de manifestações convocadas pelo líder da oposição, Raila Odinga, contra as políticas do actual Presidente, William Ruto, que no domingo à noite havia viajado para a Europa.
O chefe da polícia havia já anunciado no domingo a proibição de novas manifestações da oposição, depois que os protestos da semana passada degeneraram em tumultos. Na segunda-feira, essa proibição teve comprovação prática, quando a polícia utilizou gás lacrimogéneo e um forte dispositivo de segurança para impedir a realização dos protestos que haviam sido convocados por Raila Ondiga.
Ao mesmo tempo que a polícia impedia os manifestantes de protestarem, centenas de pessoas invadiram a fazenda da família do ex-Presidente do Kenya, Uhuru Kenyatta. O grupo derrubou árvores com serras eléctricas, roubou gado e incendiou a fazenda. O motivo ainda é desconhecido, informou a BBC. Indiferente a estas polémicas, o Presidente William Ruto viajou para a Europa, onde tem programadas visitas à Alemanha e à Bélgica.
No início da semana passada, fontes locais disseram que os líderes kenyanos do Kwanza pretendiam organizar -se para invadir a propriedade do ex-Presidente Kenyatta. Apesar dos repetidos avisos das autoridades, o veterano líder da oposição Raila Odinga, que convocou as pessoas a irem às ruas, permaneceu desafiador. "Peço aos nossos apoiantes e a todos os kenyanos que venham e se juntem às manifestações pacíficas”, disse ele num culto religioso realizado no domingo. "Quero dizer ao Sr. Ruto que não seremos intimidados”, disse ele. "Não vamos temer o gás lacrimogéneo e a polícia.”
As manifestações da sema-na passada - que também não foram autorizadas pela polícia – transformaram-se em violência, com a tropa de choque a disparar gás lacrimogéneo e canhões de água contra as pessoas, atirando pedras e incendiando pneus. Um estudante universitário foi morto por tiros da polícia, enquanto 31 elemeneots das forças de segurança ficaram feridos em Nairóbi e redutos da oposição no Oeste do Kenya, segundo a polícia.
Mais de 200 pessoas foram presas, incluindo vários políticos importantes da oposição. "Todos vocês viram o que aconteceu na semana passada e não permitiremos que isso aconteça novamente, onde hooligans vêm à cidade para saquear e destruir propriedades e negócios das pessoas”, disse Koome. Foi o primeiro grande acto política desde que Ruto assumiu o cargo há seis meses, depois de derrotar Odinga numa eleição que o seu rival afirma ter sido "roubada”.
William Ruto, que deixou país no domingo para uma passagem pela Alemanha e Bélgica, já pediu ao líder da oposição para suspender os protestos. "Estou a pedir a Raila Odinga que se ele tem algum problema comigo, deve me enfrentar e parar de aterrorizar o país”, disse Ruto na quinta-feira.
Odinga condena ataque a fazenda Uhuru Kenyata
Raila Odinga expressou forte desaprovação da invasão da propriedade pertencente ao ex-Presidente do país, Uhuru Kenyatta e disse acreditar que o ataque foi perpetrado por "rapazes" contratados pelo governo, segundo disse à BBC.
Segunda-feira foi o segundo dia de protestos anti-governamentais convocados por Raila Odinga por alegações de que ele foi enganado na última eleição, bem como pelo aumento do custo de vida no país. Nesse mesmo dia, ocorreu o assalto fazenda de Kenyatta. Odinga disse à BBC que não tem responsabilidade pela destruição de propriedade por manifestantes e defendeu o direito constitucional de manifestação. Raila Odinga disse que estava disposto a se encontrar com o Presidente Ruto para negociações, mas afirmou que duas pré-condições precisam ser atendidas. Em primeiro lugar, os servidores eleitorais electrónicos sejam abertos para verificar se a votação do ano passado foi fraudada e, em segundo lugar, que a selecção dos novos conselheiros do órgão eleitoral envolva todos os partidos.