Fazenda Girassol no Zaire cria condições para abastecer mercado com carne nacional



Fazenda Girassol no Zaire cria condições para abastecer mercado com carne nacional

Com o PLANAPECUÁRIA (Plano Nacional de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária), adoptado pelo Governo para o período 2023 -2025, em fase de concretização, a Fazenda Girassol, na província do Zaire, projecta aumentar o efectivo de 4.554 animais e assim poder abater todas as semanas 60 cabeças, contra as actuais 13, para responder a procura do mercado.

Recentemente, o sócio-gerente da Fazenda Girassol, João Amaral, disse que contam, até ao momento com 4.000 ovelhas, 402 cabritos e 152 bois e vacas, que totalizam os 4.554 animais do efectivo, de um projecto que só está na sua fase inicial.

De acordo com o gestor, há mercado para a carne nacional, razão pela qual projectam mesmo o aumento da oferta iniciada no mês de Março para hotéis, restaurantes e similares, além de supermercados da capital Luanda.

"A nossa perspectiva aponta para o abate semanal de 60 cabeças de animais diversos, para aumentar o suprimento de carne no mercado nacional, daí estarmos a trabalhar para o aumento do efectivo animal, porque temos condições naturais para o efeito”, assegurou João Amaral.

Sem ter, contudo, avançado o que já foi investido até ao momento, João Amaral disse esperar contar com o apoio da banca nacional para a viabilização de certos produtos, sejam os da pecuária ou de outras áreas, mas com maior incidência para os planos agrícolas, onde pretendem retomar a produção em escala da banana de mesa para escoar aos mercados de Portugal e Alemanha.

Vale lembrar que no foco do Planapecuária estão, entre os grandes objectivos, o aumento da contribuição da produção pecuária nacional para a satisfação das necessidades de consumo interno, de exportações e  do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Este plano tem uma disponibilidade inicial de 300 milhões de dólares e deverá ser operacionalizado pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).

 

Produção agrícola

Aumentar cada vez mais a produção agrícola para atender as necessidades internas e externas são outros dos principais objectivos da Fazenda Girassol, instalada numa área de nove mil hectares, da qual 280 cultivada, na comuna da Musserra, município do Nzeto, província do Zaire, cuja quota semanal está cifrada em 450 toneladas.

Produtos como a banana de mesa com 200 toneladas e 250 outras de alface, couve, ervas aromáticas, pitaya, pepino, agrião, a laranja e a maracujá, constituem o forte do referido projecto que criou até ao momento 1.505 postos de trabalho.

João Amaral, sócio-gerente da Fazenda Girassol, recebeu, recentemente, a visita do governador provincial do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho.

Na ocasião, assegurou haver condições, tanto naturais e humanas para o aumento das áreas de cultivo, cujo esforço da direcção está virado na componente financeira que deve advir de um financiamento bancário.

"Estamos a falar de 450 toneladas de produtos agrícolas diversos, com destaque para banana de mesa em que a nossa produção está na ordem de 200 toneladas que temos colocado no mercado nacional, nomeadamente de Luanda.

A Fazenda Girassol produz também 250 toneladas de alface, couve, laranja, maracujá, pitaya, agrião, pepino e erva aromáticas que, também, têm sido comercializadas no mercado de Luanda”, acrescentou.

 

Exportações condicionadas ao aumento da produção

Após a primeira experiência de exportação da banana de mesa da Fazenda Girassol para Portugal, em 2021, o processo foi condicionado com o aumento das quantidades para satisfazer as necessidades do mercado europeu, onde expediam 20 toneladas por semana, consideradas insuficientes para a demanda.

Segundo o sócio-gerente João Amaral, a Fazenda Girassol tem licença e certificação Internacional para exportar banana de mesa para Portugal, fruto da experiência realizada em 2021, período em que venderam dez contentores do referido produto para algumas superfícies comerciais portuguesas.

"Já exportamos vários contentores para Portugal. Fizemos os testes e deu tudo certo, só que as empresas estrangeiras pedem muita quantidade, a qual não temos possibilidade de momento. Temos uma área total de nove mil hectares, dos quais 190 são dedicados à cultura de banana de mesa”, frisou.

Para exportar a banana de mesa para Europa, se-gundo João Amaral, a fazenda deve cultivar mais 300 hectares, cujo objectivo está sendo seguido com muita determinação, na medida em que, depois de ter sido afectada pela desvalorização cambial, em função dos empréstimos que tinha em divisas, as áreas de cultivo estão em crescimento.

"Neste momento não estamos a exportar banana de mesa por insuficiência de quantidades para as necessidades dos mercados de Portugal e Alemanha. Nós enquanto pequeno exportador, precisamos ter uma produção de mais de 300 hectares, por isso, temos aumentado as nossas áreas de cultivo todos anos, mas para maior celeridade é necessário financiamento bancário”, disse.

 

Falta de pontos de venda no Zaire

A não instalação de micro pontos de venda dos produtos da Fazenda Girassol a nível da província Zaire, segundo o sócio-gerente João Amaral, constitui uma estratégia do projecto, para evitar competição com os agricultores locais, uma vez que, existem poucos compradores.

Segundo a fonte, após uma experiência de instalação de pontos de venda em alguns municípios das províncias do Zaire e do Bengo, não houve rentabilidade por fraca procura, situação que levou a Fazenda a encerrá-los.

"Os habitantes da província do Zaire, bem como os das demais regiões do país, têm as suas lavras e acabam por produzir os seus próprios alimentos. A grande dificuldade vivem os habitantes de Luanda, onde muitos deles residem em prédios ou não possuem quintais para semear hortaliças, por isso, é o principal mercado. Já colocamos pontos de venda nos municípios do Ambriz (Bengo), Nzeto, Mbanza Kongo e Soyo (Zaire), mas não foram rentáveis o suficiente para justificar a sua continuidade”, disse.

João Amaral destacou que, em princípio a fazenda prefere evitar qualquer forma de competição com o pequeno agricultor, então coloca esta responsabilidade aos seus clientes directos, nomeadamente supermercados, restaurantes e hotéis.

 

Projecto procura as melhores vias para superar os entraves

A falta de energia eléctrica da rede nacional, segundo o sócio-gerente João Amaral, constitui o principal constrangimento, pelo facto de aumentarem os custos de produção, na medida em que, a fazenda gasta avultadas somas para aquisição de combustível para manter os grupos geradores funcionais.

"Uma das dificuldades prende-se com a necessidade de energia eléctrica da rede nacional, para a qual, apelamos o apoio do Governo, de forma a diminuirmos os gastos com o gasóleo”, solientou.

Para a solução do problema, o governador do Zaire, no final da sua visita àquela fazenda, manifestou a possibilidade do governo provincial oferecer apoio que não revelou, para que a fazenda beneficie de energia eléctrica da rede nacional.

A questão energética, preocupa vários empresários que actuam na região, por enfrentarem dificuldades para adquirir o material necessário para consumar a ligação da energia do ponto onde passa a rede nacional até aos seus empreendimentos, em função dos altos custos do material.

"Esta e outras fazendas merecem o nosso apoio, por isso, acreditamos que o Executivo angolano vai envidar esforços para montar aqui a rede eléctrica. A ideia é cativar outros empresários para cá empreenderem, aproveitando a proximidade com o mercado de Luanda e as potencialidades da região, em termos de terras aráveis e cursos de água”, adiantou.

 

Classe empresarial  com mais incentivos

Os níveis de produção de banana, hortícolas e gado da fazenda Girassol impressionaram o governador provincial do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, que na ocasião, convidou outros empresários a investir na região, no sentido de ajudarem a província a tornar-se auto-suficiente na produção de alimentos.

"Temos de incentivar o aumento da produção no Zaire, porque temos solos aráveis e bastantes rios que nos podem permitir, a curto prazo, atingir a auto-suficiência alimentar. Esta fazenda, que explora apenas 280 hectares dos 9.000 disponíveis, é uma referência na produção de banana, mamão, hortaliças e gado, um exemplo que pode ser replicado noutros pontos da região”, disse.

Adriano Mendes de Carvalho destacou, as iniciativas do seu Governo em prol da redução da burocracia na concessão de títulos de exploração de terras e a possibilidade do cidadão puder criar a sua empresa, tratar alvarás comerciais e outra documentação afim, a partir do Guiché Único do município do Soyo, ao invés de se deslocar à Mbanza Kongo.

"Temos que continuar a combater a excessiva burocratização, por isso as Administrações municipais já estão habilitadas a ceder terrenos para exploração agrícola. Antigamente, quem estivesse no Soyo tinha de percorrer 700 quilómetros de ida e volta à Mban-za Kongo, para tratar alguma documentação, mas, hoje, no Soyo o cidadão já consegue constituir a sua empresa, aí está o começo da desburocratização, que passa por facilitar a vida do cidadão”, frisou.

Adriano Mendes de Carvalho reprovou a ideia de alguns empresários que solicitam mil a três mil hectares de terra para começarem a actividade agrícola, tendo os incentivados a seguirem o exemplo da fazenda Girassol, que apenas em 280 hectares produz grandes quantidades de produtos e abastece o mercado de Luanda.

"É a chamada de atenção daqueles que me pedem terrenos até dois mil hectares, porque e para quê, quando devem começar com pouco e ir aumentado a área de produção. Temos de incentivar os empresários a começarem com poucos hectares, para irem crescendo. Aqui está um exemplo de que, com 100 ou 200 hectares é possível fazer muito trabalho. O Zaire é muito forte e tem possibilidade de atingir a auto-suficiência e começar a abastecer outras regiões do país no domínio da horticultura”, disse.


Pedro João Cassule Manuel Manuel

• Desejo fazer parte da equipe e actuar na ária de informática. Acredito que poderi executar meus conhecimentos teóricos e práticos e ajudar no crescimento da empresa e do grupo de trabalho.

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