Militares adiam transferência do poder para os civis

 


Os signatários do acordo definido para organizar uma transferência gradual de poder para civis no Sudão, conhecido como acordo-quadro, falharam novamente o prazo para o retorno à democracia. Segundo revelou a AFP, de acordo com um cronograma estabelecido pelas partes, um novo Primeiro-Ministro e instituições da autoridade de transição deveriam ter sido anunciados na terça-feira (11 de Abril).


O prazo expirou depois que as partes falharam duas vezes tentativas para assinar um acordo final de transição, devido à divergências sobre a integração das Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares no exército. O ponto de discórdia entre as duas forças diz respeito ao "comando e controle” do comité encarregado de supervisionar a reorganização. As divisões entre o vice-líder do Sudão - que é o comandante da RSF - e o chefe militar, de facto, suscitam receios de confrontos entre o exército e a RSF.

Nas últimas semanas, ambas as forças reuniram tropas e armas dentro e ao redor da capital do Sudão, Cartum. O exército aumentou muito a sua presença no centro da cidade, estacionando veículos blindados em quase todos os cruzamentos que levam ao palácio presidencial.

O acordo-quadro assinado em Dezembro passado foi contestado nas ruas. Actores políticos, de ex-líderes rebeldes a redes populares pró-democracia, continuam a opor-se ao acordo, apesar dos esforços mediados para atraí-los. O Sudão mergulhou no caos após um golpe militar, em Outubro de 2021.

Entretanto, os Estados Unidos preparam-se para dar apoio a longo prazo à Côte D´Ivoire, Benim e Togo, países que têm sido fustigados com a propagação da violência jihadista da zona do Sahel. Segundo a AFP, que diz citar fontes do Departamento de Estado, esse apoio será também fundamental para impedir o avanço nos países do Sahel da empresa russa de segurança privada Wagner, destacada no Mali, embora esta em Bamako, apresentem como de "instrutores” militares.

O Sahel, na fronteira com a Guiné-Bissau, é uma faixa com cerca de 700 quilómetros de largura e 5.400 quilómetros de extensão, que funciona como uma fronteira natural no continente africano. Esta faixa estende-se entre o deserto do Saara, a Norte, e a savana do Sudão, a Sul, e entre o oceano Atlântico, a Oeste, e o Mar Vermelho, a Leste.

Atravessa a Gâmbia, Senegal, parte da Mauritânia, o centro do Mali, o Norte do Burkina Faço, Sul da Argélia, Níger, Norte da Nigéria e dos Camarões, parte central do Tchad, centro e Sul do Sudão, Norte do Sudão do Sul e a Eritreia. A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em visita ao Ghana, em Março deste ano, como parte do crescente esforço dos Estados Unidos América em África, prometeu 100 milhões de dólares ao longo de 10 anos para aumentar a resiliência nas regiões costeiras da África Ocidental.

O Departamento de Estado está também a procurar fundos adicionais, incluindo do orçamento da luta contra o terrorismo. "É uma preocupação para nós devido à capacidade dos governos existentes que nunca enfrentaram uma ameaça como esta”, disse Michael Heath, secretário de Estado adjunto para a África Ocidental.

Avaliação das necessidades

"Estamos a tentar ver de que instrumentos necessitam”, acrescentou Heath, que regressou recentemente de uma viagem à região com outros funcionários do Departamento de Estado para avaliar as necessidades. Quanto ao grupo Wagner, o secretário de Estado disse que "ainda não têm presença nos países costeiros da África Ocidental”.

Os funcionários do Departamento de Estado dos EUA acreditam que as zonas costeiras da África Ocidental só poderiam ser dominadas pela violência se houvesse um alastramento do norte para o Sahel, mas salientam que a instabilidade pode ser alimentada por factores locais e pela competição por recursos. "Queremos obviamente ajudar os governos que estão mais interessados numa abordagem abrangente e numa boa governação para lidar com os problemas no Norte (do seu território), onde os recursos são mais limitados”, disse Gregory LoGerfo, um alto funcionário anti-terrorismo do Departamento de Estado, na viagem.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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