O Exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido comprometeram-se a respeitar um cessar-fogo de 24 horas, que começou na quinta-feira ao fim da tarde, depois de ter falhado a trégua anunciada há um dia. Os militares disseram em comunicado citado pela Reuters, que a trégua durará até ao final do dia de ontem, quinta-feira, “dependendo se o outro lado respeita as suas disposições”.
Os confrontos começaram no sábado entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de Outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares do RSF, chefiados pelo general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti”, que orquestrou em conjunto o golpe de 2021, mas que se tornou inimigo. Apesar dos apelos feitos na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 no Japão, da ONU, e dos EUA "para pôr fim imediato à violência”, e da União Africana às partes para protegerem os civis e encetarem um diálogo, os combates continuaram na capital sudanesa. A violência levou milhares de pessoas a permanecerem nas suas casas ou em abrigos, com os mantimentos a esgotarem-se e vários hospitais a encerrarem os serviços.
Entretanto, 320 soldados sudaneses fugiram dos combates no seu país e refugiaram-se domingo no Chade, onde se renderam, anunciou ontem o ministro da Defesa chadiano. "Entraram no nosso território e foram todos desarmados e acantonados”, disse o general Daoud Yaya Brahim numa conferência de imprensa, na qual estava acompanhado de vários ministros. "São 320 elementos do exército sudanês - guardas, polícia e militares - que têm medo de serem mortos pelas Forças de Acção Rápida [RSF, na sigla em inglês] e que se renderam às nossas forças”, explicou. O ministro não deu mais pormenores, designadamente em que ponto da fronteira entraram no Chade.
O Chade fechou a sua fronteira com o Sudão no sábado - dia em que se iniciaram os confrontos -, numa área que tem mais de mil quilómetros de comprimento no meio do deserto e faz fronteira com que o Darfur, a Oeste do Sudão.
A fronteira, porosa, é regularmente atravessada por movimentos rebeldes de ambos os países. "A situação no Sudão é preocupante e deplorável, tomámos todas as medidas necessárias em relação à crise sudanesa”, disse o ministro Yaya Brahim, acrescentando: "Esta guerra não nos diz respeito, é entre sudaneses, devemos permanecer vigilantes para nos prepararmos para qualquer eventualidade”.
Ontem, o Sindicato dos Médicos do Sudão disse que pelo menos 198 civis morreram desde o início dos confrontos armados, um valor inferior ao que foi fornecido pela OMS que indica a morte de 300 pessoas desde sábado passado, anunciou o site Notícias ao Minuto. O Sindicato dos Médicos do Sudão disse que o balanço sobre civis mortos desde o início dos confrontos aumentou para 198”, através da plataforma digital Facebook, acrescentando que 1.207 pessoas ficaram feridas.