O Presidente da República salientou ser necessário prestar-se, também, uma atenção particular à necessidade do desenvolvimento das indústrias de defesa viradas para a produção e manutenção de armamento e técnica militar diversa, munições, fardas, botas e utensílios de caserna.
Sobre este desiderato, revelou estar prevista a conclusão, dentro de dois meses, das obras de ampliação e modernização da base naval do Soyo e a perspectiva da construção daquela que virá a ser a principal base naval do país. Adiantou que esforços devem ser, igualmente, direccionados no sentido de as Forças Armadas Angolanas desenvolverem a produção agrícola e pecuária, em grande escala, para garantir a auto-suficiência alimentar dos efectivos e ter excedentes para injectar no mercado de consumo.
O Chefe de Estado ressaltou que as Forças Armadas Angolanas devem contribuir na resolução de problemas das comunidades próximas das unidades, fazendo com as unidades de engenharia a manutenção das estradas secundárias e terciárias, a construção de pontes, furos e reservatórios de água para as populações e o gado, participar nas operações de salvamento das populações sinistradas vítimas de calamidades naturais, como enxurradas ou seca severa, nas campanhas massivas de vacinação em cooperação com o sector da Saúde, nas campanhas de recolha de resíduos sólidos e em outras acções sociais.
Manobras militares
O Presidente da República felicitou, na ocasião, as chefias militares de todos os escalões pelo sucesso das manobras militares, realizadas terça-feira, no Polígono Central de Adestramento das Forças Armadas Angolanas, situado na localidade de Soba Matias, a 60 quilómetros da cidade de Menongue.
"O nosso reconhecimento a todos os generais, oficiais, sargentos e praças que estiveram empenhados desde a fase de planeamento, organização, preparação e realização exitosa da manobra. A todos, os meus parabéns”, felicitou. O Chefe de Estado recordou que estas manobras militares tiveram lugar na província do Cuando Cubango, onde foi travada a grande Batalha do Cuito Cuanavale, que foi decisiva para a derrota e expulsão das tropas do exército do regime do apartheid, que ocupava parte do solo angolano, oprimindo, deste modo, o povo sul-africano e ameaçava a soberania dos países da parte Austral do continente africano.
João Lourenço lembrou que a vitória no Cuito Cuanavale abriu o caminho das negociações que culminaram com os acordos de Nova Iorque e conduziram à Independência da Namíbia, à libertação de Nelson Mandela, ao fim do apartheid e à instauração de um regime democrático na África do Sul.
Acrescentou que estas manobras realizaram-se no mês de Maio, altura do ano em que se comemora a vitória da humanidade sobre o nazismo, responsável pela perda de 50 milhões de vidas humanas, entre as quais as do Povo Judeu, vítima do Holocausto. "O ser humano nasceu para ser livre, crescer, se desenvolver e realizar os seus sonhos. É neste quadro que foi abolida a escravatura, derrotado o nazismo e graças à luta secular dos povos oprimidos, também o colonialismo foi derrotado e, assim, surgiram novas nações livres e soberanas”, frisou o Presidente da República, para quem, apesar dessas importantes conquistas, o mundo de hoje ainda não é tão seguro quanto seria de desejar.
"Continuam a surgir no mundo ocorrências perigosas, como a ameaça da confrontação nuclear, o terrorismo internacional, as tomadas de poder inconstitucionais ou mais vulgarmente conhecidas como golpes de Estado, as guerras de agressão, invasão, ocupação e anexação de parte de territórios de países soberanos e o mercenarismo ao serviço dos Estados”, lamentou.
Disse que o mundo acompanha, com muita atenção e preocupação, a tensão na Península Coreana, o conflito israelo-palestiniano, o degradar da situação de segurança na região do Sahel, em África, no Leste da RDC, em Moçambique e no Corno de África.
O Chefe de Estado encorajou as partes beligerantes no Sudão a estabelecer um cessar-fogo, para negociar a paz definitiva que ponha fim à guerra que, em poucos dias, ceifou centenas de vidas, criando milhares de deslocados internos e de refugiados para os países vizinhos.
Em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que persiste por mais de um ano, com fortes indícios de ganhar proporções que ameaçam, cada vez mais, a paz e a segurança mundiais, o Presidente da República apelou para que se faça tudo, de modo a se evitar o escalar do conflito.
"É necessário que haja diálogo entre a Rússia e a Ucrânia, para o estabelecimento de um cessar-fogo que abra caminho à negociação de uma paz definitiva”, defendeu o estadista angolano, para quem a soberania e a integridade territorial da Ucrânia devem ser respeitadas, como consagrado no Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas, "a que todos nós estamos obrigados a respeitar”.
"Angola defendeu-se da agressão do exército do apartheid da África do Sul, mas, na hora de negociar a paz, teve de o fazer com o envolvimento de outros Estados, negociando e assinando os acordos quadripartidos de Nova Iorque”, ressaltou.
Nesta conformidade, prosseguiu, defendemos não só a necessidade do estabelecimento de negociações directas, entre a Rússia e a Ucrânia, entre a Rússia e os Estados Unidos, como, também, entre a Rússia e a OTAN, para assegurar uma paz duradoura não apenas para a Ucrânia, mas para a Europa e o mundo, evitando-se uma perigosa confrontação nuclear.
O Presidente da República salientou que o momento é crucial para se começarem a dar passos concretos na busca das soluções para o alcance da paz pela via negocial, "para não nos arrependermos mais tarde”.
O Chefe de Estado referiu ser altura certa, também, para serem dados passos concretos, no sentido de se fazerem as reformas necessárias no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e na Organização Mundial do Comércio.