Rússia abate na Ucrânia míssil de longo alcance

 

Rússia abate na Ucrânia míssil de longo alcance

A Rússia anunciou, ontem, ter abatido um míssil norte-americano de longo alcance, do tipo GLSDB, situação que Moscovo encarou como a primeira confirmação da entrega deste armamento à Ucrânia que o considera crucial para desencadear a sua próxima contraofensiva

29/03/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 11H35
© Fotografia por: DR

O anúncio russo ocorre um dia após a confirmação da entrega de blindados britânicos, norte-americanos e alemães às forças ucranianas, veículos que Kiev considera essenciais para concretizar as suas ambições de reconquista militar.

"A defesa antiaérea abateu 18 foguetes do sistema Himars e um míssil teleguiado GLSDB", indicou o Ministério da Defesa russo, num comunicado, numa referência a estes engenhos teleguiados com um alcance de até 150 quilómetros, prometidos pelos Estados Unidos a Kiev no início de Fevereiro.

Os GLSDB ("Ground Launched Small Diameter Bomb") são engenhos de pequeno diâmetro e de alta precisão fabricados pela Boeing (norte-americana) e pela Saab (sueca).

Podem deslocar-se até 150 quilómetros e ameaçar as posições russas, em particular os depósitos de munições, localizados longe da linha da frente.

"A precisão dos GLSDB é tão elevada que na sua trajectória podem atingir o pneu de uma viatura", afirma a Saab na sua página na Internet.

A Ucrânia insistiu na necessidade de utilizar estas munições para destruir as linhas de abastecimento russas e compensar desta forma o seu défice em homens e munições, na perspectiva da sua contraofensiva para repelir as forças de Moscovo que ocupam uma vasta área do sul e leste da Ucrânia.

A entrega ao exército ucraniano em Junho de 2022 dos sistemas de lança-foguetes móveis de alta precisão Himars, com munições com um alcance de 80 quilómetros, permitiu à Ucrânia fustigar a retaguarda do exército russo e concretizar as contraofensivas no sul e nordeste do país entre Setembro e Novembro.

Em resposta à ameaça dos Himars, as forças russas recuaram as suas linhas de abastecimento, afastando designadamente da frente as suas reservas de munições.

Os ocidentais manifestaram de início reticências em fornecer sistemas de maior alcance, por recearem que atingissem território russo e provocassem uma escalada.

Por sua vez, Kiev prometeu em diversas ocasiões que apenas seriam atingidos alvos em território ocupado.

Face às campanhas de ataques massivos lançados nos últimos meses sobre cidades e infraestruturas ucranianas, os Estados Unidos anunciaram, finalmente, em 03 de fevereiro, que iriam fornecer os GLSDB à Ucrânia.

No entanto, o calendário de entrega não foi anunciado, com diversas fontes a indicarem que seriam necessários vários meses.

Bulgária demarca-se UE

A Bulgária estará fora do plano europeu de compras conjuntas para fornecer um milhão de munições de calibre 155 à Ucrânia, anunciou ontem o ministro da Defesa búlgao.

"Não temos esses projécteis no Exército búlgaro, não existe a possibilidade de serem entregues à Ucrânia pela simples razão que não temos esse calibre", declarou Dimitar Stoyanov em declarações à televisão nacional búlgara (BNT).

O responsável pela Defesa daquele país integrado na NATO sublinhou que o Exército búlgaro teria de efectuar contratos para a aquisição de um tipo de munição "que de momento não necessita".

No entanto, o Ministério da Defesa búlgaro aprovou recentemente um projeto para renovar o seu arsenal nacional e poderá entregar a Kiev munições mais antigas, para além de um acordo com uma empresa de armamento avaliado em 350 milhões de levas búlgaras (179 milhões de euros) para garantir projécteis mais modernos.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia (UE) chegaram a acordo na passada semana para um plano de compras conjuntas de munições de artilharia e mísseis para repor as reservas dos Exércitos europeus e garantir o necessário envio deste armamento para a Ucrânia, na sequência da invasão russa.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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