Agostinho Neto ainda inspira os angolanos

O professor angolano de História de África Bruno Kambundu considerou que apesar do pouco trabalho de divulgação, Agostinho Neto ainda inspira os angolanos.

O historiador disse ser possível ver, nos dias de hoje, sobretudo nos jovens, marcas das três dimensões de Neto, nomeadamente "a de estratega político, visionário humanista e homem de cultura".  
 
A entrada de muitos jovens na política e a envolvência de outros em actividades culturais é, para o académico, reflexo das qualidades do primeiro Presidente angolano.  "Neto ainda inspira os angolanos", realçou o historiador, para quem a juventude, de uma ou de outra maneira, está incrustada numa das três dimensões de Neto.

Bruno Kambundu defendeu a necessidade de se divulgar, cada vez mais, a figura de Agostinho Neto não apenas em dias que antecedem o seu aniversário, mas, também, em outros períodos, para que a juventude, e não só, adquira conhecimentos mais alargados sobre a importância, valor e significado de Neto na vida dos angolanos.

Docente da cadeira de História de África no Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda (ISCED) e coordenador da Repartição dessa disciplina naquela instituição, o académico reconhece o trabalho de divulgação da figura do primeiro Presidente de Angola levado a cabo por algumas instituições do país, todavia disse ser pouco, dada à dimensão tridimensional de Agostinho Neto, nomeadamente "a de estratega político, visionário humanista e homem de cultura".    
"É necessário que todos os esforços sejam feitos, de modo que as pessoas percebam, cada vez mais, a importância de Neto nas nossas vidas", frisou.

Bruno Kambundu ressaltou que essa empreitada pode ser feita através de realizações de actividades culturais e desportivas, capazes de perpetuar Neto na vida dos angolanos, não só na academia, como, também, no ensino médio e primário.

"Neto é um património dos angolanos e a grande figura da luta que nos levou à Independência", destacou.
Referiu que Agostinho Neto é, além de herói da Independência angolana, uma das principais figuras da História de África, fundamentalmente da segunda metade do século XX.

O historiador disse haver muitas formas de levar a juventude a conhecer mais Agostinho Neto. Tal como se realizam vários prémios para determinadas personalidades, Bruno Kambundu defende, para divulgação da figura do primeiro Presidente de Angola, a realização de mais actividades sobre as suas produções, sobretudo os discursos e trabalhos enquanto escritor. "Sabe-se que, para Agostinho Neto, existe um prémio sobre Ciências, mas é num âmbito muito formal e intelectual", frisou.

Em função disso, Bruno Kambundu é de opinião que essas actividades sejam baixadas, também, ao nível do ensino médio e primário. "Neto é uma figura não pertencente só às instituições formais", realçou.

O historiador defende, por isso, mais divulgação da figura de Agostinho Neto, principalmente junto da juventude, para se evitar o risco de cair no esquecimento. Bruno Kambundu quer ver reavivada a figura de Neto em outros períodos, com novas inspirações e visões sobre as suas obras, como forma de se continuar a marcar a vida dos angolanos.


O valor das três dimensões de Neto

O historiador Bruno Kambundu, fazendo uma viagem às três dimensões de Agostinho Neto, disse que, na vertente política, mostra, "e é uma ideia que os jovens podem seguir", a necessidade de se acreditar nas crenças, de lutar até ao fim e de ter, sempre, a esperança.

No capítulo social, o historiador disse que Agostinho Neto foi um servidor das sociedades. "Enquanto médico, conseguiu exercer a profissão, ao mesmo tempo que esteve a trabalhar na clandestinidade. Isso para nós é importante", destacou.

Já na esfera cultural, o académico sublinhou o facto de Agostinho Neto não se esquecer da necessidade do resgate da identidade africana, de uma maneira geral, e da angolana, em particular. "Se conseguir perceber, na perfeição, o Havemos de Voltar, notará que Neto procura ressuscitar os hábitos e costumes dos africanos, em particular dos angolanos, que estavam a desaparecer", aclarou.
Essa pretensão de Agostinho Neto, disse, ficou consumada quando, depois da Independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, reavivou a história do Carnaval.
Bruno Kambundu considera o "Havemos de Voltar" a maior proposta de Neto, por continuar intemporal.


Fórmulas para entender Neto

O historiador disse que uma das fórmulas para se entender Neto passa por viajar no contexto em que esteve inserido. Entendê-lo fora desse contexto, alertou, é difícil.
"E dentro do contexto em que viveu e se produziu é, provavelmente, das figuras mais interessantes de se entender", frisou.

O académico adiantou que outra forma de perceber Neto passa por andar na sua tripla dimensão, por estarem entrelaçadas. "Essas dimensões casam-se e acabam por fazer um homem novo, proposta que os angolanos sempre procuraram, quando lutaram para o alcance da Independência", salientou.


Local de nascimento

O historiador defende um maior aproveitamento da localidade de Kaxicane, Icolo e Bengo (hoje pertencente a Luanda), por ser a zona onde Agostinho Neto nasceu. Sugere a ideia de se fazer daquele espaço um marco. Disse que Angola tem recebido, nos últimos tempos, muitos estudiosos que se deslocam ao país para perceber o período da transição para a Independência. "E, para perceber este período, tem de se conhecer Neto", frisou.

O historiador ressaltou que o reaproveitamento de Kaxicane impulsionaria o turismo cultural naquela zona e elevaria ainda mais a imagem de Neto. O não aproveitamento do espaço, alerta o académico, pode criar intermitência naquilo que é a preservação da figura de Neto.


Centenário de Neto

Bruno Kambundu referiu estar a par de alguns passos relacionados aos preparativos do centenário de Neto, a assinalar-se no próximo ano, mas disse notar falta de uma envolvência forte da sociedade civil. "Parece haver apenas instituições formais", destacou. No seu entender, a figura de Neto "não deve ser restringida a este fórum", tendo, por isso, defendido o envolvimento de outras franjas da sociedade no processo de organização das celebrações do centenário. 

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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