A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, iniciou, ontem, uma visita de três dias a Tianjin, no Norte da China, com objectivo de apelar às autoridades a influenciar Moscovo a pôr fim à guerra na Ucrânia e de relançar a cooperação económica entre os dois países.
De acordo com a imprensa dos dois países, Baerbock há muito defende uma abordagem dura em relação à China, e por isso especialistas chineses acreditam que não é realista esperar que a dirigente alemã tenha a mesma atitude positiva em relação à China que Macron mantém, mas "é importante ter uma abordagem profunda e face a face para ajudar a dissipar alguns mal-entendidos e encontrar um terreno comum, especialmente quando a cooperação China-Alemanha tem uma base sólida nos campos de negócios e comércio”.
Mas, por outro lado, Sun Keqin, pesquisador do China Institutes of Contemporary International Relations, disse ao Global Times que "apesar da postura dura de Baerbock em relação à China, a política da Alemanha para a China tem a sua própria consistência e ela não pode ir contra o roteiro estabelecido pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, que visitou a China em Novembro de 2022”.
A abordagem pragmática da Alemanha em relação à China continua a ser consenso do Governo, disse Sun.
"Como é a sua primeira visita à China como ministra das Relações Exteriores, espera-se que a visita ajude a moldar uma visão mais objectiva e abrangente das relações China e China-Alemanha, mas não é realista esperar expressões realmente positivas”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus no Instituto de Estudos Internacionais da China.
Uma série de mecanismos de diálogo entre os dois países, desde o nível estratégico até ao financeiro e cultural, vai ser retomada, disse Cui, acreditando que a visita de Baerbock sirvam como um primeiro passo para mais diálogos que vão ajudar a estabilizar os laços China-Alemanha", disse Cui.
'Visão objectiva
e abrangente'
Poucas horas antes da visita de Baerbock à China, o Ministério das Relações Exteriores alemão afirmou, na quarta-feira, que a China "inflamou as tensões ao realizar exercícios militares em torno da ilha de Taiwan” e, por isso, o Governo germânico apelou por esforços para reduzir as tensões no Estreito de Taiwan.
Num comunicado divulgado antes da viagem, Baerbock descreveu a China como um "concorrente”, "rival sistêmico” e "jogador global que deseja cada vez mais moldar a ordem mundial de acordo com próprios desígnios”.
Baerbock disse que a Alemanha não tem interesse de se separar economicamente da China, mas pretende "eliminar o risco”, reduzindo a dependência económica, segundo a media alemã.
A ministra alemã pediu, à China para interceder junto do Presidente russo, Vladimir Putin, que acabe com a guerra na Ucrânia, segundo a imprensa internacional.