Angola vai apostar na transformação de minerais críticos em estratégicos

A Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM) estabeleceu na sua estratégia de médio prazo a elaboração de vários projectos de prospecção sobre a ocorrência de sete minerais críticos identificados no território nacional pelo Plano Nacional de Geologia, no sentido de aferir o potencial para se tornarem em minerais estratégicos para a economia angolana, no quadro do processo de transição energética em curso à escala global.

A informação foi avançada ontem aos órgãos de comunicação social pela chefe de departamento da Direcção de Regulação e Mercados da Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM), Tânia Hung, à margem da palestra sob o tema "O Futuro dos Minerais Críticos para a Transição Energética”, realizada pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, alusiva às celebrações da Semana do Trabalhador Mineiro, a decorrer de 17 a 27 do mês em curso.

Tânia Hung referiu que Angola ainda é um grande produtor de hidrocarbonetos e que não vai deixar de exportar petróleo "do dia para a noite”, mas o país já começou a dar passos rumo à transição energética a partir do momento em que iniciou o Plano Nacional de Geologia (Planageo) que permitiu saber que existe ocorrência de sete (7) minerais críticos, tais como lítio, cobalto, grafite e elementos de terras raras da grafite.

A responsável sublinhou que os graves problemas climáticos inerentes ao aquecimento global, resultantes da emissão de dióxido de carbono (gases poluentes), derivados das energias fósseis, ou seja, do petróleo, do carvão e do gás, há necessidade de se transitar para o uso de fontes energéticas mais amigas do ambiente, também conhecidas como energias verdes ou limpas, mas a sua materialização plena é de grande complexidade devido à escassez dos minerais utilizados.

As energias verdes, avançou Tânia Hung, não são tão poluentes como os fósseis, mas exigem uma grande procura de minerais pouco disponíveis em relação ao petróleo e ao carvão, na medida em que apenas um reduzido número de países conta com reservas economicamente viáveis. A República Democrática do Congo (RDC) possui cerca de 70 por cento das reservas de cobalto, mineral necessário para o fabrico de telemóveis e baterias, enquanto a China detém a maior reserva mundial de elementos de terras raras.

"Os elementos de terras raras são um grupo de sete (7) elementos da Tabela Periódica, isto é, metais de grande uso na produção de energias eólicas, painéis solares, entre outras, que requer grande procura desses materiais. O facto de se encontrarem confinados em um restrito grupo de países, faz com que esta transição, embora limpa e benéfica, não seja segura. A indisponibilidade é que torna estes minerais críticos para as nações que assumiram o acordo do carbono zero (0) até 2050", esclareceu.

  Investir na prospecção dos recursos

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, ao intervir para ajudar a esclarecer as questões colocadas aos prelectores da mesa-redonda, disse que "é preciso entender que a confirmação sobre ocorrência de minerais críticos não permite ainda aferir se existem depósitos que configuram uma mina, pelo que é necessário investir na prospecção destes recursos”.

Para Diamantino Azevedo, os indicadores do Planageo são um passo muito importante, pois permitem perspectivar benefícios em prol da economia nacional, mas não se deve pensar que o petróleo deixará, tão cedo, de ser o principal recurso energético, tendo em conta que os países continuam a investir na descoberta de reservas de hidrocarbonetos porque estão certos de que a transição energética é um processo que levará o seu tempo e de forma paulatina.

"Angola ainda tem hidrocarbonetos para alguns anos e ainda poderemos descobrir mais algum gás tanto no offshore como no onshore. O mundo continua a descobrir petróleo, mas o importante é ter capacidade de transformar esses recursos minerais no nosso país para que tenhamos ganhos no acréscimo de valor. Há exemplos de países que não produzem determinados recursos mas que se destacam na transformação”, sublinhou.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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