Feira do Artesanato do Dondo vai ser retoma este ano

O chefe de Departamento Provincial da Cultura, Património Histórico e Autoridades Tradicionais do Cuanza Norte, Genilson da Costa, informou, ontem, em Ndalatando, que o Governo prevê a reabertura, este ano, da Feira do Artesanato do Dondo, no município de Cambambe, paralisada desde 2020.

Conjugando história, cultura, turismo e negócios, a Feira do Dondo é um evento anual, realizado desde 2010, numa parceria entre o Ministério da Cultura e Turismo e o Governo do Cuanza Norte.

O evento visa a reconstituição da história sobre a actividade mercantil desenvolvida no espaço do território do Ndongo, designado por Feira do Dondo, iniciada em 1625.

Em declarações à ANGOP, Genilson da Costa salientou que a X edição da Feira do Dondo foi realizada em 2019 e paralisada no ano seguinte, devido à crise económica que afectou o país, aliada à situação pandémica da COVID-19.

Genilson da Costa referiu que o governo do Cuanza Norte está a trabalhar na elaboração dos termos de referência para a realização, este ano, da XI edição do evento, que ocorre entre Agosto e Setembro, e que congrega expositores das províncias de Luanda, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje e Cabinda.

Esclareceu que a Feira do Dondo constitui um impulsionador da divulgação do Corredor do Kwanza e da história do Reino do Ndongo.

Serve, também, de justificativa da pretensão do Executivo, em inscrever a candidatura do Corredor do Kwanza junto da Unesco como Património da Humanidade.

"Se queremos avançar com o processo de inscrição do Corredor do Kwanza a património mundial da Humanidade, a Feira do Dondo é um dos elementos indispensáveis deste projecto, pois retrata o comércio de escravos”, sublinhou.

O responsável acrescentou que o evento é, também, um instrumento de valorização do trabalho dos artesãos locais e de incentivo aos artistas a produzirem, com a esperança de poderem vender.

Genilson da Costa reconheceu que a paralisação da feira contribuiu para a baixa da produção artesanal na província, devido ao desespero dos artesãos, que ficaram sem mercado para a exposição e venda das suas obras.

Recorde-se que o Ministério da Cultura e Turismo colocou, recentemente, na lista de Património Nacional o itinerário fluvial denominado "Corredor do Cuanza”, por ser um importante repertório da história de memórias do país. Uma matéria publicada pelo Jornal de Angola, em 2011, por ocasião da realização da segunda edição da Feira do Dondo, numa exposição fotográfica intitulada "Corredor do Kwanza: Memória e História de Muxima, Massangano, Cambambe e Dondo ”, organizado pelo Arquivo Nacional de Angola, apresentaram locais históricos da região de Cambambe, município do Cuanza-Norte, em imagens que realçam os lugares onde os agentes económicos da época (século XVI) faziam paragens para as suas trocas comerciais.

As fotografias mostram, também, os roteiros fluviais e terrestres das caravanas comerciais que passavam, desde o século XVI, pelas localidades da Muxima, Massangano, Cambambe e Dondo. Segundo a direcção do Arquivo Nacional de Angola, na época, a exposição tinha como objectivo concretizar o lançamento oficial de um projecto de chamar a atenção das autoridades competentes, no sentido de inscrever o Corredor do Kwanza na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A importância do Corredor do Kwanza, segundo os historiadores, deve-se ao facto de no passado ter sido uma região que simbolizou o intercâmbio cultural, económico e social de povos de diferentes regiões e reinos de Angola.

Entretanto, na actualidade, o programa da feira tem reservado, entre outras atracções, o lançamento de obras literárias, palestras sobre os mais variados assuntos, exposições fotográficas que retratam vários aspectos do Reino do Ndongo, visitas a locais turísticos e históricos.

A Feira do Dondo tem sido, ainda, aproveitada por muitos visitantes para busca de informações de interesse académico ou para composição de obras culturais, com realce para descobertas sobre a importância do corredor fluvial do Kwanza, navegável desde a Barra do Kwanza, na província de Luanda, ao Dondo (Cuanza-Norte).

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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