Governador de Luanda anuncia construção de cozinha comunitária e biblioteca
Para a futura biblioteca, o governador já garantiu 500 livros. "Esperamos voltar ao bairro Paraíso nos próximos 45 dias para entregar a biblioteca e a cozinha comunitária à população”, revelou, além de assumir também o compromisso de continuar a trabalhar para melhorar a segurança pública. "As referidas infra-estruturas vão promover a inclusão social no Bairro Paraíso”.
Ao percorrer alguns quarteirões, acompanhado pelo vice-governador para a área Técnica e Infra-estruturas, Manuel Homem inteirou-se também do funcionamento deficiente dos chafarizes e tanques comunitários de água.
Dos quatro chafarizes e tanques fiscalizados, um esteve privado de água durante três meses. Neste, os moradores reclamaram junto do governador sobre a razão da falta constante do precioso líquido naquela zona, assim como os abusos com preços altos praticados, que ao invés de dez kwanzas, chegam a pagar entre 70 a 100 kz.
No debate com os moradores sobre a razão da água não chegar aos tanques ou chafarizes, concluiu-se que o garimpo de água e a vandalização das condutas é uma realidade, que faz com que o bairro fique privado de água. "Os moradores são obrigados, muitas vezes, a pagarem mais do que o preço normal”.
"Constatamos que existe por parte dos gestores dessas infra-estruturas uma mistura de interesses com quem vandaliza as condutas por benefício próprio, para vender a água a preço mais alto aos munícipes”, apontou, o governador, adiantado que a administração do município está orientada a tomar medidas imediatas para reverter a situação. "Vamos continuar a trabalhar para que a água possa ser distribuída também por via de canalização às moradias, um passo que a administração municipal já está a projectar”, avançou.
Durante os três dias de visita do governador, tudo parece muito tranquilo. Sob o olhar das autoridades policiais, que desde o primeiro dia de trabalho de Manuel Homem garantem segurança total para quem circula naquela zona, os munícipes do Paraíso têm sido muito interactivos.
Com as estradas ou ruas asfaltadas, agora iluminadas, chega-se ao bairro sem dificuldade alguma de trânsito. As ruas da Cerâmica, Pedreira, Eco-Campos e Kicolo, que dão acesso ao bairro, também estão em condições para a circulação. Com isso, o Paraíso parece ser um "bairro normal", sem a sua má fama.
Mas para quem vive lá há anos, existe a ausência de muitos serviços, inclusive uma esquadra de polícia, centros ou postos de saúde condignos, o patrulhamento policial de proximidade, água potável com regularidade e escolas próximas.
A "esquadra dos Bakongos”, como é conhecida, era a única do bairro e hoje está em fase de demolição. A unidade funcionou de 2014 a 2020. Mas, por causas de algumas fissuras foi desactivada há três anos. Actualmente a estrutura está sem tecto.
O comandante Domingos Manuel, encarregado máximo da unidade de polícia, informou que todo o trabalho do comando e serviços prestados à população são feitos no mesmo recinto, mas numa mesa montada a propósito.
Assunto quotidiano
Os actos criminosos são para os moradores do Paraíso o "prato do dia” nas conversas. Outra questão que muito os aflige é a falta do precioso líquido, seguido da necessidade de haver no bairro, centros de formação profissional, campos multiusos, bibliotecas e lojas de registos.
Nesses dias de visita, com a feira foi montada com serviços da Saúde, Educação, Registo Civil, na qual centenas de pessoas do bairro aproveitaram para efectuar o primeiro registo, assim como consultas gratuitas e de aconselhamento familiar.
A maioria deles é cadastrada, para serem inseridas nos programas de combate à fome e à pobreza. Todos os dias, as tendas de serviço ficam lotadas de pessoas à espera. Maria Faria, de 44 anos, é uma das munícipes que aproveitou a oportunidade para registar pela primeira vez os cinco filhos, de 17, 14, 10, 8 e 5 anos.