Moscovo e Pequim culpam EUA pela tensão na península coreana


O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Andrei Rudenko, afirmou,esta segunda-feira , que para Moscovo e Pequim a actual escalada de tensões na península coreana se deve às acções dos Estados Unidos da América e aos seus aliados.

O vice-ministro russo fez a declaração após ter reunido em Moscovo com o representante chinês para assuntos da Península Coreana, Liu Xiaoming.

"A situação actual na península coreana foi discutida em pormenor. As partes concordaram que a responsabilidade pelo actual agravamento é de Washington e dos seus aliados", disse Rudenko num comunicado.

Para a Rússia, os EUA, contrariando as suas obrigações, recusam-se a dialogar com a Coreia do Norte para fornecer garantias de segurança e tomar medidas para garantir um clima de confiança mútua, preferindo apostar na intensificação de exercícios militares de grande escala com "carácter provocatório".

Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos iniciaram ontem mais uma vaga de exercícios de defesa antimísseis, quatro dias depois de a Coreia do Norte ter testado pela primeira vez o seu míssil intercontinental mais sofisticado. O exercício contou com a participação de três contratorpedeiros equipados com o sistema antimísseis Aegis, o sul-coreano ROKS Yulgok Yi I, o japonês JS Atago e o norte-americano USS Benfold, informou a marinha sul-coreana.

As manobras militares centram-se na detecção e monitorização de um míssil balístico cuja trajectória é simulada por computador, bem como na partilha de informações em tempo real, para melhorar procedimentos de resposta.

Chefe da diplomacia alemã visita Coreia do Sul

A chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, iniciou, ontem, uma visita à Coreia do Sul com uma viagem à zona desmilitarizada que separa o país da Coreia do Norte.

Durante a visita a uma das fronteiras mais fortemente militarizadas do mundo, Baerbock recebeu informações sobre a situação da linha divisória e o estado actual das relações entre as duas Coreias, segundo a agência espanhola Europa Press.

Mais de um milhão de tropas estão estacionadas na fronteira no paralelo 38, que separa as duas Coreias desde a guerra que travaram entre 1950 e 1953.

Os Estados Unidos têm actualmente 28.500 tropas estacionadas na Coreia do Sul. A China e a então União Soviética apoiaram as forças do Norte na guerra da Coreia, enquanto os Estados Unidos e a ONU estiveram do lado das forças do Sul.

A guerra provocou pelo menos 2,5 milhões de mortos e os combates cessaram em Julho de 1953, com um armistício negociado pela ONU com a China e a Coreia do Norte. Foi então criada uma zona desmilitarizada no paralelo 38, que se mantém como a fronteira 'de facto' entre as duas Coreias desde então. A zona desmilitarizada tem cerca de 240 quilómetros de comprimento e quatro quilómetros de largura em toda a península.

Tecnicamente, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul continuam em guerra, dado que nunca assinaram um tratado de paz. Antes de viajar para a Coreia do Sul, Baerbock visitou a China.

De Seul seguirá para o Japão, onde vai participar, entre 16 e 18, na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, o grupo das sete economias mais desenvolvidas.

O Japão exerce actualmente a presidência rotativa do G7, de que fazem parte também, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da Alemanha. A União Europeia (UE) também participa no G7.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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