O trio Raimundo Salvador, Orlando Sérgio e Paulo Mendes de Carvalho estiveram este domingo no Palácio de Ferro para mais uma edição do programa radiofónico “Conversa à Sombra da Mulemba”, desta vez debatendo a programação cultural deste espaço, com destaque para o festival Angojazz, que encerrou este domingo.
Dimbo Makiesse partilhou a experiência de realização desta que foi a primiera edição do Festival Angojazz, uma iniciativa que coordenou e reuniu jovens de vários pontos do país. Dimbo também executou versões jazzisticas de "Nica" de Zé Keno e "Ressurreição" de Elias Dya Kimuezo. Reginaldo Silva falou do seu passado no pioneirismo na divulgação da música Jazz na Rádio Nacional de Angola. O jornalista Raimundo Salvador realçou ser uma iniciativa absolutamente pioneira, sendo a primeira edição de um festival nacional de jazz. Raimundo Salvador sublinhou que o certame congregou uma amostra de músicos jovens, talentosos, engajados na construção de uma linguagem jazzística assente na interacção e absorção do Cancioneiro Nacional.
Por sua vez, Horácio da Mesquita fez uma abordagem histórica da música angolana e do seu histórico com o Jazz. Saquita dos Santos, responsável do projecto Cine Palácio de Ferro, agradeceu a oportunidade que a direcção do Palácio de Ferro lhe deu para a concretização desta iniciativa. Outra interveniente presente foi Débora Ribas, que abordou a importância da escrita criativa. Jorge Mulumba e Maneco Vieira Dias partilharam experiências dos grupos Kituxi, Nguami Maka e Kilandukilo nos festivais internacionais e nas fusões com Jazz e outros géneros musicais. Ambos demonstraram que é possível manter os elementos de matriz nacional nos vários movimentos musicais da actualidade.
Paulo Mendes de Carvalho, membro da equipa do programa, falou da falta de espaços para os amantes do jazz. O actor Orlando Sérgio, que abordou a relação jazz e cinema, mostrou a sua preocupação com o movimento cultural recente e manifestou-se descontente pela a omissão mediática sobre o historial do Duo Ouro na história da música angolana, sendo um exemplo pioneiro de fusões rítmicas através do álbum " Blackground".
Orlando Sérgio esteve não apenas como membro da "sentada", termo atribuído aos participantes, mas também para falar como coordenador do Atelier Mutamba, que nos últimos anos tem sido uma incubadora de pessoas criativas. O projecto já gerou dois filmes premiados, o mais recente no Festival de Cinema Documental de Luanda, produzido por Irene A´mosi.
Estes foram alguns dos pontos altos do bate-papo à "sombra da mulemba”, que decorre habitualmente aos domingos, das 14 às 16 na sintonia FM 99.1, Rádio Mais.