O Jornalistas estrangeiros partilham experiência sobre acesso à informação nos órgãos chineses


O grupo de jornalistas estrangeiros participantes do programa de formação e cobertura jornalística, promovido em Pequim pelo Centro de Imprensa Internacional da China, mantém contacto com a realidade prática do exercício da profissão nos órgãos de comunicação social do país asiático.

Durante as próximas semanas, os 64 profissionais do jornalismo mundial presentes na capital chinesa, em representação de 51 países, incluindo Angola, alternam as aulas teóricas sobre a construção da notícia e reportagens, com sessões de visitas de constatação da realidade em jornais, televisão e rádios locais.

O derradeiro roteiro dos jornalistas estrangeiros na China teve o primeiro ensaio no jornal People’s Daily (Diário do Povo, em português), editado em Pequim e publicado em todo o mundo, com uma tiragem de quatro milhões de exemplares.

O referido diário é o órgão oficial do Partido Comunista da China (PCCh), liderado pelo Presidente Xi Jinping, tendo sido publicado, pela primeira vez, em 15 de Junho de 1948, em Pingshan, Hubei. Em Março de 1949, o jornal transferiu as instalações para a capital Pequim, ano em que foi declarado, em Agosto, órgão oficial do partido comunista.

De acordo com o director geral do Departamento de Relações Exteriores, Xu Bo, o Diário do Povo teve papel fundamental durante a Revolução Cultural da China, tendo sido uma das poucas fontes de informação que os estrangeiros e os próprios chineses utilizavam para saber das actividades realizadas pelo Governo naquela época.

Naquele período, disse, um editorial do Diário do Povo era considerado como sendo um comunicado autorizado ou oficial da política governamental. Em 1997, o jornal ganhou uma edição online, proporcionando aos leitores uma abordagem mais extensiva em termos de opção de leitura, já que, além do inglês, é publicado igualmente nas versões em português, espanhol e francês.

 
Troca de experiência

No contacto com os jornalistas chineses, aos profissionais da comunicação social estrangeira é permitido colocar perguntas, que possibilitam obter respostas sobre algumas curiosidades do exercício da profissão, bem como avaliar o tratamento dado a determinadas matérias, mormente as mais polémicas.

Questões como o acesso à informação e os critérios de tratamento de notícias merecem, igualmente, a atenção dos jornalistas estrangeiros, tendo as mesmas sido devidamente aclaradas pelos profissionais do jornal Diário do Povo.

Para o editor das páginas Internacional, Xang Xun, através de instrumentos de análise é possível percepcionar a necessidade de desenvolver o pensamento crítico dos jornalistas, para que despertem a curiosidade pelo mundo, o queiram conhecer e fiscalizar.

A falta de consciencialização em relação à missão e ao exercício da própria profissão é, segundo ainda o jornalista chinês, uma das maiores fragilidades assinaladas, com consequências em várias direções.

Referiu, por outro lado, que a falta de conhecimentos, que não gera dúvidas, resulta em textos jornalísticos que se limitam a dar voz às fontes, sem que os factos sejam questionados. Alguns jornalistas africanos destacaram, por seu lado, entre as maiores dificuldades para o exercício pleno da profissão a escassez de formação e de tempo, considerando essencial, no futuro, mais ciclos de formações para aperfeiçoar as técnicas, sobretudo da escrita.

Uma das questões mais complexas, na visão do jornalista Alberto Zuze, do Jornal Notícias de Moçambique, é o da relação com as fontes. Neste âmbito, o profissional anotou a existência de uma "forte politização das notícias”, sendo que "a proximidade entre os jornalistas e a classe política é muitas vezes de grau familiar, o que, acaba por afectar, de alguma forma, a liberdade profissional”.

O editor da edição em inglês do Diário do Povo, Lin Zihan, considera a falta de vocação um factor que "trava o desenvolvimento das capacidades técnicas e profissionais dos jornalistas que estão na profissão para ter um trabalho e um salário”, sem que compreendam "a responsabilidade social do jornalismo”.

Os apelos incidiram para a busca de competências de pensamento crítico, sobretudo na interpretação e selecção de informação essencial e na capacidade de investigar e propor novos temas para conteúdos informativos.


Televisão Central da China

Os profissionais da comunicação social estrangeira devem visitar esta semana as instalações da Televisão Central da China ou China Central Television, geralmente abreviada por CCTV. Trata-se da maior rede de televisão da República Popular da China.

A primeira edição do canal de televisão foi ao ar em 2 de Setembro de 1958. É uma empresa pública, pertencente ao Grupo Media da China, sob a tutela do Ministério de Rádio, Televisão e Filme da China e da Administração Estatal de Imprensa, Publicação, Rádio, Filme e Televisão do país.

Com sede em Pequim, a CCTV lançou o segundo canal em 1963 e o terceiro em 1969, tendo em 1972 começado a transmissão em satélite para todo o país, sendo que em 1 de Maio de 1973 começaram as transmissões a cores.

Com a visita à CCTV, o grupo de jornalistas estrangeiros deverá enriquecer os conhecimentos em relação a história da televisão chinesa, bem como aproveitar para satisfazer algumas curiosidades em relação a produção de cinema no país.

Recorde-se que os 64 jornalistas estrangeiros estão em Pequim no âmbito de um programa de intercâmbio com os profissionais da comunicação social chinesa.

O evento, lançado em 2014, inscreveu já a participação de mais de 450 jornalistas, oriundos de África, Ásia-Pacífico, América Latina e Caribe, Eurásia, Arábia Saudita, Europa Central e Oriental.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

• Desejo fazer parte da equipe e actuar na ária de informática. Acredito que poderi executar meus conhecimentos teóricos e práticos e ajudar no crescimento da empresa e do grupo de trabalho.

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