A Sociedade Nacional de Combustível de Angola (Sonangol) anunciou, ontem, um crescimento do volume de negócios de 50 por cento em 2022, quando as transacções globais da companhia ascenderem a um total de 6,2 biliões de kwanzas (13,4 mil milhões de dólares).
O documento aponta para um crescimento do resultado operacional consolidado para 2,4 biliões de kwanzas (5,3 mil milhões de dólares), o que representa mais 50 por cento que em 2021 e acontece pelo segundo ano consecutivo.
O relatório e contas revela, entretanto, uma variação negativa do resultado líquido (lucros) do exercício de 16 por cento, para 838.084 milhões de kwanzas (1,8 mil milhões de dólares), o que a fonte contactada pela nossa Redacção atribui parcialmente a investimentos no ano passado realizados pela
companhia em projectos da cadeia primária de valor.
Isso inclui a expansão das operações de exploração e produção de petróleo, bem como a implantação de projectos no domínio das energias renováveis, de acordo com a fonte, que declarou terem os investimentos da companhia disparado em 46 por cento ao longo do ano passado.
No fundamental, a conjuntura de 2022, quando se observou a variação negativa do resultado líquido, foi marcada pelo aumento do preço das ramas comercializadas pela empresa, para uma média de 102,31 dólares por barril, acima dos 70,58 dólares por barril do ano anterior.
Mas os aumentos generalizados das taxas de juro nos mercados internacionais e da inflação a nível global impactaram desfavoravelmente no valor das principais unidades geradoras de fluxo, bem como nos preços das matérias-primas e produtos importados pela petrolífera nacional, com destaque para a gasolina e o gasóleo, cujos preços médios por tonelada métrica ascenderam, em 2022, a 1.140,80 e 1.125,00 dólares, respectivamente, representando um aumento substancial face a 2021, quando a média dos preços foi de 638,30 e 554,10 dólares.
Os dados do relatório indicam, por outro lado, que os direitos líquidos sobre a produção (direitos de concessão adicionados da produção operada) situaram-se, ao longo do período em análise, em cerca de 18 por cento do total extraído pela indústria petrolífera angolana, o que também é reflexo dos investimentos ocorridos ao longo de 2022.
Nesse período, afirma o documento, a dinâmica dos investimentos levou a Sonangol contratar no mercado finanaciamentos que totalizaram 1,46 mil milhões de dólares, em recursos investidos na cadeia primária de valor.
O volume de abastecimento ao mercado em derivados de petróleo (gasóleo e gasolina) ascendeu a 4,5 milhões de toneladas métricas. Apesar de ter abandonado a figura de superintendente logístico, encarregue da provisão de combustíveis em regime de exclusividade, a Sonangol continua a ser a única entidade responsável pela importação de derivados de petróleo, o que a fonte que tem estado a ser citada afirmou estar relacionado com "as actuais circunstâncias" do mercado.
Queda do cepticismo
No anúncio da publicação do relatório, a Sonangol destaca a redução contínua da materialidade das reservas de auditoria, como consequência das medidas que têm sido tomadas pelo Conselho de Administração da Sonangol, ao longo dos últimos anos.
Os dados apontam que a companhia está convicta que, em médio prazo, vai continuar a colher os frutos da sua implementação, incluindo a eliminação integral das reservas de auditoria.
A empresa informa, ainda, que está em curso a preparação do seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, o qual permitirá à companhia divulgar, de forma mais detalhada, às partes interessadas, as acções por si adoptadas a nível ambiental, social e de governança corporativa (ESG).