Análise estratégica da Batalha do Cuito Cuanavale - I

 

Análise estratégica da Batalha do Cuito Cuanavale - I

Baseado em amplas fontes documentais de origem angolana, cubana, soviética e sul-africana, o Tenente-General historiador Miguel Júnior, no presente ensaio sobre a Batalha do Cuito Cuanavale, tece considerações de carácter estratégico, analisa a evolução política e militar de Angola de 1976 a 1988 e descreve as operações ofensivas estratégicas das FAPLA, entre 1985 e 1987, devido ao avanço da guerra de guerrilha das FALA.

26/03/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 09H30
© Fotografia por: Edições Novembro

Também são objecto de atenção as contra-ofensivas estratégicas militares das Forças de Defesa da África do Sul (SADF), assim como as manobras e as operações defensivas das FAPLA até à introdução em combate de unidades das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR). Miguel Júnior descreve os combates ofensivos e defensivos entre as unidades angolanas, cubanas e sul-africanas, os quais configuraram a Batalha do Cuito Cuanavale. E não deixa de analisar, de forma crítica, essa batalha à luz dos saberes da estratégia militar e das demais teorizações militares


Introdução

A Batalha do Cuito Cuanavale teve lugar, em 1988,no sudeste de Angola,devido aos desenvolvimentos da guerra. Transcorridos, entretanto, vários anos sobre o sucedido, esta batalha continua a ser objecto de atenção na África Austral e noutras regiões geográficas.Ao mesmo tempo, ela tem suscitado acesos debates nos círculos castrenses e académicos de várias paragens.Apesar dessas realidades, há antecedentes militares ligados ao teatro da guerra que carecem de estudo e de interpretação estratégica, a fim de se fazer um enquadramento técnico-militar mais consentâneo da batalha.Nessa linha de pensamento, é essencial analisar, do ponto de vista estratégico-militar,os progressos militares que tiveram lugar antes da erupção da batalha e interpretar,de seguida,este combate à luz dos saberes da estratégia militar. Desta maneira, este texto expõe os assuntos de forma clara e em três momentos.

Em primeiro lugar, tececonsiderações de carácter estratégico a fim de facilitar o entendimento sobre as questões que são objecto de análise. Em segundo lugar, analisa a evolução política e militar de 1976 a 1988, caracterizando a situação militar e os teatros operacionais nas direcções Leste e Sudeste do território angolano, bem como descreve as operações ofensivas estratégicas das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), entre 1985 e 1987, devido ao avanço da guerra de guerrilha das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA). No prosseguimento da presente abordagem,também são objecto de atenção as contra-ofensivas estratégicas militares das Forças de Defesa da África do Sul (SADF) na direcção Sudeste, entre 1985 e 1987, assim como as manobras e as operações defensivas das FAPLA até à introdução em combate de algumas unidades das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR). Nesta senda são descritos os combates ofensivos e defensivos entre as unidades angolanas, cubanas e sul-africanas, os quais configuraram a Batalha do Cuito Cuanavale. Em terceiro lugar, analisa de forma crítica a batalha à luz dos saberes da estratégia militar e das demais teorizações militares. Por fim, despontam as conclusões sobre o assunto.

 

Considerações estratégicas preliminares

Do ponto de vista dos estudos de guerra, as guerras merecem sempre um tratamento singularizado para que elas sejam entendidas em dimensão e profundidade. Na trilha dos estudos de guerra, é preciso partir do princípio que os Estados, envolvidos numa guerra, possuem sempre uma concepção estratégica. Este facto é extensível às organizações armadas, às forças guerrilheiras e afins. Também é preciso perceber que as concepções estratégicas estabelecem, como regra, as metas estratégicas do Estado, que são, por sua vez, as linhas orientadoras para o conjunto das actividades e acções militares. Ainda assim, as metas estratégicas determinam a condução da guerra e a conduta do Estado no contexto da guerra.

De igual maneira, nessa base, um Estado define as suas acções e as suas modalidades estratégicas, tendo como sustentáculos uma série de questões de âmbito de defesa. Assim um Estado se prepara para a guerra, concebendo os seus planos de guerra e definindo as suas campanhas militares. Mas também o Estado, devido à sua condição de actor político, tem de possuir visão e cultura estratégicas.

De seguida, à luz da sua visão estratégica militar, o Estado tem de estabelecer um modo de actuação que lhe permitaconduzir as operações de guerra. Por outras palavras, o Estado tem de ter uma estratégia operacional militar com todas assuas implicações e exigências. No entanto, uma estratégia operacional só é bem-sucedida quando se valorizam as questões logísticas, técnicas e tácticas e quando o Estado, comoo principal condutor da guerra, adopta uma postura adequada e em conformidade com as realidades. Nessa óptica, a condução estratégica da guerra é a chave para a vitória.

A condução estratégica é central para alcançar os objectivos políticos de uma guerra.Além do mais, com base na condução estratégica da guerra, as Forças Armadas fazem as suas escolhas ofensivas e defensivas,podendo algumas destas possuir pendor estratégico. Outrossim,a condução estratégica militar facilita os processos de direcção, a manobra estratégica e a preparação de uma batalha.Abertamente falando, algumas batalhas podem ser preparadas com antecedência, mas outras ocorrem por força das dinâmicas dos combates e sem qualquer preparação prévia. Também, no decorrer de uma operação militar, pode ter lugar uma batalha ou mais do que uma, ou não ter lugar nenhuma batalha. De resto, o discernimento no nível táctico militar é sempre em conformidade com o momento específico. Do mesmo modo, há que reter que uma batalha, de maneira real, ocorre num determinado espaço de tempo, num lugar específico e envolve um conjunto de unidades específicas de duas partes. Ora, se uma batalha ocorre numa determinada área geográfica concreta e específica, é inadmissível que ela se estenda a outras áreas.

De maneira geral, estas são as considerações de carácter estratégico que se impunham produzir, de antemão, para explicar que as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), as Forças de Defesa da África do Sul (SADF), as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR) e as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA) confrontaram-se no teatro operacional Sudeste em conformidade com as suas concepções estratégicas militares e os seus planos operacionais, assim como de acordo com as dinâmicas militares do campo da batalha. Expostas as considerações preambulares estratégicas, interessa, de seguida, interpretar as realidades militares que imperavam antes da eclosão da Batalha do Cuito Cuanavale.


Evolução da situação política e militar (1976-1988)

Abordando este assunto, devemos dizer que a situação militar em Angola passou por três grandes momentos.De 1976 a 1980,foi o instante em que as insurreições armadas da FNLA, da UNITA e da FLEC ganharam corpo e as acções guerrilheiras começaram a fazer-se sentir no território nacional. Nesta etapa, as acções armadas guerrilheiras alastraram-se e eram visíveis em todo o país. Nessa altura, as forças insurreccionais criaram condições, com base nas suas estratégias operacionais guerrilheiras, que permitiram elevar as suas acções armadas a outros patamares.Visando desestabilizar o país e instalar o caos. Ao mesmo tempo, as forças insurreccionais fizeram tudo para conseguir rectaguardas seguras ao longo das fronteiras nacionais.

Nesse sentido as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), o braço armado da UNITA, tiveram sucessos. Isto permitiu criar a base central da Jamba, como centro coordenador de toda a actividade política e guerrilheira da organização.Este ganho da UNITA era o indicativo de que a sua guerra de guerrilha atingiria outros níveis e as suas forças evoluiriam muito mais. Entretanto, na conjuntura em análise, as acções insurreccionais das organizações armadas confrontaram-se com as operações ofensivas impetuosas de contra insurreição das FAPLA.Aliás, no momento em destaque, as FAPLA levaram a cabo várias operações em todo o território nacional.

Relativamente às acções convencionais das Forças de Defesa da África do Sul (SADF), essas ganharam corpoe intensificaram-se com o passar do tempo. Tanto mais que as agressões armadassul-africanas contra o território angolano adensaram-se até ao momento em que iniciou a guerra efectiva contra o Estado angolano. Além disso, as forças militares sul-africanas estavam a auxiliar a expansão da guerra de guerrilha da UNITA. Mas perante as acções convencionais sul-africanas, as FAPLA accionaram medidas defensivas de forma activa e com resultados significativos.

De 1981 a 1985,registaram-se mudanças no seio das forças guerrilheiras das FALA. Este braço armado da UNITAganhou muito mais mobilidade e fez catapultar a guerrilha para outros níveis. Isto porque as suas forças passaram a contar com unidades semi-regulares, forças estratégicas, regionais ede zona. As forças estratégicas da guerrilha da UNITA tinham a missão de levar a guerra ao Norte do país, tendo elas alcançado esse desiderato. No entanto, mais tarde, a UNITA criou três frentes operacionais. Também, de acordo com a visão estratégica das FALA, as províncias do Cuando Cubango e do Moxico constituíram-se em bases de apoio à expansão da guerrilha. Em 1983, diante dos objectivos estratégicos da guerrilha da UNITA, as FAPLA prepararam e conduziram, com muito sucesso, duas grandes operações, nomeadamente: a "Operação 17 de Setembro” e a "Operação XXVII Aniversário do MPLA” . Estas operações tiveram o seu peso e desintegraram as forças estratégicas da guerra de guerrilha da UNITA.

No seguimento das suas operações, as FAPLA desencadearam mais três acções ofensivas de grande envergadura, nomeadamente: a "Operação Junho Vitorioso”,a "Operação FAPLA 10 Anos de Vitórias” e a "Operação Kuanza-Bengo” .  As primeiras destinaram-se a reverter as situações nas províncias do Moxico e do Cuando Cubango. A terceira visou travar o avanço das FALA nas províncias do Cuanza-Norte e do Bengo. No geral, as operações que as FAPLA estavam a realizar, desde o começo dos anos oitenta, eram sobretudo operações ofensivas normais.No entanto, face ao avanço da guerra de guerrilha da UNITA, o comando das FAPLA, em estreita coordenação com o poder político, mudou a sua visão em relação à guerra de guerrilha da UNITA. As FAPLA elevaram o patamar estratégico operacional.

Nestas condições, a decisão estratégica impôs a realização de operações ofensivas estratégicas contra as principais posições e bases da UNITA, que se encontravam nas direcções Leste e Sudeste. Desse modo, a primeira grande ofensiva estratégica foi a "Operação II Congresso”,que teve lugar em Agosto de 1985 . Esta operação abarcou duas áreas estratégicas.Mas, na direcção de Mavinga e das bases centrais da UNITA, as FAPLA falharam nos seus propósitos. Isso sucedeu por força das acções combinadas entre as unidades motorizadas das FALA e das Forças de Defesa da África do Sul (SADF). Estas aproveitaram essa ocasião e desencadearam a sua primeira contra, ofensiva estratégica, já que elas tinham interpretado correctamente a intenção da ofensiva estratégica militar do comando das FAPLA.Entretanto, no âmbito desta análise, importa destacar que as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR) não participaram na primeira operação ofensiva estratégica das FAPLA devido a condicionalismos políticos e militares.

Também é preciso reter que, nesse espaço de tempo, as Forças de Defesa da África do Sul (SADF) continuaram a realizar acções ofensivas, com algum sucesso, contra a SWAPO no território angolano e acções convencionais contra as FAPLA. Mas também elas perceberam que as FAPLA tinham, na direcção Sudoeste, posições defensivas bem fortalecidas, quer das suas forças terrestres quer da sua força aérea e defesa antiaérea. Aliás, as investidas convencionais sul-africanas, depois de1981, foram mais difíceis na direcção Sudoeste por força do crescimento convencional das FAPLA.

No espaço de tempode 1986 a 1988, as FAPLA mantiveram sua visão estratégica em relação à UNITA. Nesse âmbito, conceberam e prepararam a segunda operação ofensiva estratégica para aniquilar a UNITA na direcção Sudeste. Nesse sentido, em Julho de 1986, o General-de-Divisão Arnaldo T. Ochoa Sanches, chefe da Missão Militar Cubana em Angola, alertou ao Major-General Konstantin Kuroshkin, chefe da Missão Militar Soviética em Angola, para o seguinte facto: "A presença de destacamentos sul-africanos na região do Cuito Cuanavale, cobrindo posições da UNITA, demonstra a intenção da África do Sul em tentar impedir, mesmo com a sua presença, a realização de operações das FAPLA no sul das províncias do Moxico e do Cubango” . Além do mais, na referida comunicação, o chefe da Missão Militar Cubana sugeriu de que modo as FAPLA deveriam preparar essa operação de grande envergadura. Mas o comando das FAPLA já tinha feito a leitura dos factos e sabia o que sucederia no contexto da sua decisão estratégica em relação às forças da UNITA no Sudeste do território nacional.

De resto, em 12 de Novembro de 1985, o Tenente-Coronel Pedro Benga Lima (Foguetão), chefe da Direcção de Operaçõesdo Estado-Maior General das FAPLA, apresentou, no âmbito da segunda operação ofensiva estratégica, a proposta intitulada: "Sobre o Agrupamento de Tropas a Criar na Direcção Sudeste do País” .Esta proposta destaca a seguinte realidade: "A ‘Operação II Congresso do Partido’, levada a cabo contra as principais agrupações da UNITA nas áreas Leste e Sudeste do país, possibilitou-nos, além dos resultados alcançados, chegar a determinadas conclusões sobre as agrupações de tropas e meios a criar para operações futuras, se tivermos em conta as experiências obtidas no decurso das acções combativas nas duas direcções fundamentais de ofensiva das nossas tropas.

Assim, na direcção Cazombo, a acção das nossas unidades foi um êxito retumbante, não obstante algumas dificuldades surgidas no que se refere ao abastecimento às tropas e à manobra das unidades, por falta de meios adequados fundamentalmente para a travessia de obstáculos aquáticos, na direcção Cuito-Cuanavale-Mavinga as nossas unidades foram obrigadas a interromper a sua ofensiva após a introdução em combate a partir de 16-09-85 de forças e meios das tropas terrestres e da aviação sul-africana, tendo-nos causado inúmeras baixas quer em efectivos quer em meios técnico-materiais da nossa Força Aérea e das Tropas Terrestres. Também nesta direcção, ecom maior incidência, se registaram grandes dificuldades para o reabastecimento das nossas unidades, assim como para a evacuação de feridos e doentes, tendo-se verificado também, nalguns casos, dificuldades na direcção, ligação com as tropas e cooperação entre as unidades. Das experiências recolhidas nesta direcção, pudemos verificar que uma das deficiências principais das nossas unidades foi essencialmente o seu fraco poder de fogo no que respeita à defesa anti-aérea e aos meios da artilharia terrestre, para o combate contra as forças e meios introduzidos pelos racistas sul-africanos, tendo-se verificado a nossa impotência quase total para rechaçar os seus ataques e perante a sua supremacia quer no ar, quer em meios de fogo em terra. Só a determinação e bravura dos nossos combatentes, assim como a firmeza dos chefes das unidades na direcção e manobra das tropas levaram a que as consequências não atingissem maior gravidade.

Após se terem analisado detalhadamente as experiências da Operação no Ministério da Defesa/E.M.G., chegou-se à conclusão que para proceder à derrota e ao aniquilamento das principais unidades regulares e bases da UNITA no Sudeste do país e, em simultâneo, lutar contra uma agrupação de forças dos racistas sul-africanos, que certamente será introduzida em combate, deveremos, criar nessa direcção, um agrupamento de tropas,  criado já com base numa forma superior de organização de unidades militares – 7 Brigadas de Infantaria Motorizada – dotadas de meios técnicos de combate e, de transporte de tropas e de meios técnicos materiais, e 1 Brigada de Tanques que permitam manter sempre a supremacia sobre as forças e meios do inimigo, protejam ao máximo os nossos efectivos e meios e possibilitem a direcção e o apoio ininterrupto às nossas unidades” .

Esta proposta do Estado-Maior General das FAPLA sobre a criação de um agrupamento de tropas, para o desencadeamento da segunda operação ofensiva estratégica na direcção Sudeste, foi objecto de discussão. Isto permitiu refinar a ideia sobre a composição da força como um todo, tendo a proposta terminado da seguinte maneira: "– Prevemos que com a criação do Agrupamento de tropas proposto por nós para a direcção Sudeste, tendo em conta a quantidade de forças e o poder bélico dos meios de fogo, durante as operações a realizar no próximo ano, levaremos à derrota das principais forças regulares e bases estratégicas da UNITA, restabeleceremos a situação na fronteira estatal na província do Cuando Cubango e, estaremos capazes de rechaçar e derrotar quaisquer tentativas de agressão por parte das forças racistas sul-africanas” . Esta era a convicção do chefe da Direcção de Operações do Estado-Maior General das FAPLA, que depois passou a exercer a função de primeiro substituto do chefe do Estado-Maior General, o Coronel-General António França (Ndalu).

Perante este excerto da proposta, há que elevar a fasquia da análise e examinar esta proposição de maneira crítica. Estamos em presença de uma ideia que revela o interesse que havia em produzir uma batalha estratégica decisiva, quer com as FALA quer com as Forças de Defesa da África do Sul (SADF). As batalhas decisivas são parte integrada da história das batalhas. A batalha decisiva é montada com antecedência e é operacionalizada para que ela seja, de facto, vitoriosa. A batalha decisiva possui sempre sentido estratégico, visto que ela determina a "sorte da campanha”. Esta verdade é irrefutável. No entanto, vamos ver o que aconteceu.

Na senda dos esforços das FAPLA, a fim de materializar a ideia da operação ofensiva estratégica,o Comandante-em-Chefe José Eduardo dos Santos determinou,em Agosto de 1986, a realização da segunda operação ofensiva estratégica nas áreas do Munhango, do Lucusse e do Cuito Cuanavale . Obedecendo às orientações superiores,o Coronel-General Pedro Maria Tonha (Pedalé), ministro da Defesa, produziu, em Fevereiro de 1987, a directiva sobre o emprego estratégico das tropas no primeiro semestre desse ano. Depois, em Junho de 1987, o Coronel-General Pedro Maria Tonha (Pedalé)orientou a criação dos agrupamentos de tropas na 3ª e 6ª Regiões Militares , especificando nessa ordem, ao mesmo tempo, as missões de cada uma das direcções de responsabilidade no contexto da operação.

No prosseguimento dos esforços militares das FAPLA, a 19 de Junho de 1987, o ministro da Defesa ordenou a criação da Frente Sudeste, uma vez que a guerra exigia mais coordenação do ponto de vista de condução estratégica e uma melhor ligação entre o Estado-Maior General e a 3ª e a 6ªRegiõesMilitares. De maneira geral, o Estado-Maior General das FAPLA prosseguiu com a actividade militar para cumprir os objectivos militares estratégicos na direcção Sudeste, particularmente na 6ª Região Militar (Cuando Cubango). Por isso, à margem da constituição dos agrupamentos militares, formados com base em algumas brigadas de infantaria motorizada e grupos tácticos, a direcção estratégica da 6ª Região Militar beneficiou de muitos meios de combate e de asseguramento combativo, incluindo foguetes, aviões, meios de artilharia,radiolocalização, etc. As FAPLA criaram, no âmbito dessa operação, mais algumas unidades, incluindo as tropas químicas.

Reunidas as condiçõe sindispensáveis, a segunda operação ofensiva estratégica arrancou. Isto é, a "Operação Saudemos Outubro” entrou em acção, em Junho de 1987, com o objectivo de derrotar as unidades das FALA na região do Cuito Cuanavale e desenvolver uma ofensiva em direcção à Mavinga. A "Operação Saudemos Outubro”, na direcção do Cuando Cubango, arrancou em duas etapas. A primeira começou no dia 12 de Junho de 1987 e a segunda etapa teve início no dia 17 de Junho do mesmo ano. Do posto de vista do emprego das unidades, na "direcção do golpe principal actuaram forças de quatro Brigadas, sendo a 21ª, 16ª, 59ª, 47ª, (1) um Grupo Táctico e unidades de foguetes e artilharia anti-aérea (…)” . Esta descrição dos factos permite divisar, mais uma vez, que as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR) não se envolveram, por razões políticas e militares, na "Operação Saudemos Outubro”. Esta operação arrancou e desenrolou-se sem a participação das forças militares cubanas.

Avançando, entretanto, para outros factos, é preciso considerar que perante o desempenho da "Operação Saudemos Outubro” das FAPLA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA) intensificaram as suas acções guerrilheiras nas direcções Centro e Norte do território nacional. Elas estavam a pressionar ao máximo. Esta manobra estratégica operacional guerrilheira visava dificultar os esforços operacionais das forças armadas governamentais porque havia plena consciência sobre o perigo que representava a operação ofensiva estratégica do Governo angolano. O mesmo sucedeu com as Forças de Defesa da África do Sul (SADF). Estas entraram em acção porque sabiam o qu

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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