Vítimas do incêndio sepultadas no Camama
Num ambiente de dor e lágrimas, os seis membros de uma mesma família, que morreram, no bairro Rangel, por inalação de monóxido de carbono, em consequência de um incêndio na madrugada de quarta-feira, foram, ontem, a enterrar, no Cemitério da Camama.
Antes da partida ao cemitério, os corpos de Domingas Venâncio de Oliveira Caetano, de 40 anos, a mãe dos três filhos com os quais perdeu a vida, Cleiton Afonso Caetano (24 anos), Luís Amigo Oliveira Caetano (dez), Ivan Domingos de Oliveira (três), Hamed Leonel de Oliveira Figueira (15), Adilsea Joseana Oliveira Figueira (ano e meio) foram homenageados no Centro Recreativo Kilamba.
A partir desse centro, que foi pequeno para acolher centenas de pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos, o cortejo fúnebre, com cinco viaturas que transportaram os seis corpos, percorreu várias artérias de Luanda em direcção ao Cemitério da Camama, onde foram lidas as mensagens de condolências.
Nesse momento, os choros eram o que mais se ouviam no campo santo. Edson Caetano, 40 anos, esposo e pai de três das vítimas, era um homem inconsolável.
O jovem, além dos filhos, suporta ainda a dor de ter sido em sua casa em que três sobrinhos da esposa, que tinha ido passear por alguns dias, também morreram na referida tragédia.
Na altura do incêndio, Edson não esteve em casa, por ter ido pernoitar num óbito, na Rua da Brigada, de onde recebeu a notícia do fatídico acontecimento.
A descida das urnas foi antecedida pela entoação de cânticos religiosos, seguida de leitura de mensagem de condolência do Governo Provincial de Luanda, Forças Armadas Angolanas e da Igreja Metodista Unida.
O Governo Provincial, na sua mensagem, manifestou profunda dor e consternação pelo trágico passamento físico de seis membros dessa família, tendo lamentado que "não se perderam mulher, jovens e crianças, mas que se perdeu parte do futuro de Angola”.
Numa outra nota de condolências, a Administração Municipal de Luanda considerou que o infausto acontecimento deixou desolada uma família inteira, um distrito e uma sociedade.
Das Forças Armadas Angolanas (FAA), também se ouviu uma mensagem de profunda consternação, ao considerarem que o colectivo de oficiais generais, almirantes e superiores, subalternos, sargentos, praças e funcionários civis se curvam à memória das vítimas mortais.
Família agradece apoio governamental
O engenheiro António Venâncio, tio de Domingas Venâncio Caetano, considerou ser um momento de muita dor e consternação não só pelo desaparecimento físico dos familiares, mas sim pela forma dramática e horrorosa como as seis pessoas morreram.
Agradeceu o apoio de pessoas próximas à família e anónimas que acompanharam as vítimas até à última morada, por terem dado algum conforto aos parentes.
António Venâncio reconheceu e agradeceu, igualmente, o empenho do Governo Provincial de Luanda, pela ajuda moral e material prestada aos familiares.
"Queremos destacar aqui o empenho dos vizinhos, por, durante duas horas, fizeram tudo para salvar as vítimas, mas, infelizmente, hoje (ontem) estamos a enterra-los”, lamentou.