Justiça eleitoral recolhe provas contra Bolsonaro
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, encerrou esta sexta-feira a fase de instrução probatória da acção contra o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre uma reunião com embaixadores antes das eleições de 2022.
Na ocasião, o ex-presidente colocou em dúvida, sem apresentar provas, a lisura do sistema eleitoral, revelou ontem a CNN Brasil.
Walter Netto, o vice na sua candidatura à Presidência, também é alvo da acção, impetrada pelo PDT. Ambos são acusados de prática de abuso de poder político e de uso indevido dos meios de comunicação. A etapa agora concluída tem como objectivo recolher provas relacionadas às acusações. O ministro entendeu que o "rico acervo probatório” reunido cumpriu a finalidade da fase de instrução.
Segundo o despacho, em três meses, "foram realizadas cinco audiências e requisitados todos os documentos, inclusive procedimentos sigilosos, relacionados aos factos relevantes para deslinde do feito”. A minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso e investigado por conta dos actos criminosos de 8 de Janeiro, foi um dos documentos incluídos na acção.
Agora, a defesa de Bolsonaro e o PDT que apresentou a acção em questão têm dois dias para se manifestar. Depois, o Ministério Público Eleitoral terá mais dois dias para fazer as considerações.
Após as manifestações, a acção vai para a análise no plenário do TSE. Ou seja, o julgamento pode acontecer ainda em Abril deste ano. A decisão do ministro Benedito Gonçalves ocorre um dia após o regresso de Bolsonaro ao Brasil, após três meses nos Estados Unidos.
Além da acção no TSE, o ex-presidente ainda deve lidar com a investigação da Polícia Federal (PF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) em relação às joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. Na quarta-feira (5), Bolsonaro deve prestar depoimento à PF sobre o caso.