Sede municipal do Soyo celebra hoje 49 anos desde a ascensão à cidade
A antiga vila de “Santo António” do Zaire, actual sede municipal do Soyo, completou hoje, 49 anos de existência, desde que foi elevada à categoria de cidade, em 1974, através da portaria n.º 322, da então Administração colonial portuguesa.
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Para os festejos dos 49 anos de existência, da também conhecida por cidade do "ouro negro”, mercê da exploração do crude, quer onshore, quer offshore, a Administração Municipal agendou uma série de actividades políticas, músico-culturais e desportivas, incluindo uma feira provincial de produção local.
A agenda contempla, ainda, visitas a alguns locais históricos e de interesse turístico da região, entre os quais a ponte do Kimpwanza (ponte da paz), Captação de água do Mvuembanga, Vela kie Soyo (Sítio considerado sagrado na cultura local), Porto do Mpinda, que servia de embarque dos escravos para a Europa e Américas, bem como a igreja do Mpinda, onde foram acolhidos os primeiros baptismos católicos a nível da África sub-equatorial.
Durante o percurso dos 49 anos, Soyo, que tem o condão de ser o município mais populoso da província do Zaire, com 258.599 habitantes, superando, com isso, a capital Mbanza Kongo, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2018, registou algumas metamorfoses dignas de realce, do ponto de vista do desenvolvimento sócio-económico, mas, ainda assim, persiste o clamor dos habitantes locais por melhoria e aumento dos serviços sociais básicos, com destaque para a distribuição de água potável e das vias de acesso às distintas localidades do interior do município.
Joaquim Cruz, de 34 anos, um dos munícipes abordados pela reportagem do Jornal de Angola a propósito da efeméride, reconhece os progressos registados, fruto da execução, pelo Governo local e central, de inúmeros projectos nos mais variados domínios da vida sócio-económica.
"Embora nem tudo esteja bem, noto que a cada dia há avanços significativos, do ponto de vista do desenvolvimento social e económico do município. É notório que o Soyo de ontem não é o mesmo de hoje”, reconheceu, acrescentando que ocorreram algumas intervenções "que são inadiáveis nos domínios da saúde, educação e nas vias secundárias e terciárias”.
Joaquim Cruz destacou as vias de acesso às comunas do Quêlo, Sumba e Pedra do Feitiço como sendo as que actualmente carecem de uma intervenção urgente e definitiva, por parte das autoridades locais, "de modo a permitir a circulação fluida de pessoas e bens”.
"Gostaria de ver, também, melhoradas algumas infra-estruturas hospitalares e escolares locais. Acredito que se essas forem em número maior vai ser possível melhorar a qualidade dos serviços prestados”, disse.
As melhorias na vila são para Fernanda Pedro Isabel, de 26 anos, estudante universitária, algo surpreendente. De visita à cidade, a jovem residente em Luanda, disse que foi participar nas festas da cidade do Soyo e ficou impressionada com a organização na sua terra natal.
Radiante com o ambiente festivo proporcionado pela Administração local, Fernanda Pedro Isabel lamentou aspectos negativos como o estado da degradação acentuada em que se encontra um troço da estrada nacional número 100, que interliga a maioria dos bairros periféricos ao centro da cidade petrolífera. "A chamada zona das 12 pontes é a área mais crítica do troço, que muitas dores de cabeça têm provocado aos automobilistas”, disse.
Administrador pede maior participação dos munícipes
O administrador municipal do Soyo, José Mendes Belo, disse, numa entrevista à Rádio Nacional de Angola, estar ciente dos problemas dos habitantes, mas sublinhou que a resolução depende, também, da participação do próprio munícipe, que deve não apenas ter esperança na acção administrativa.
"Hoje, espera-se que o munícipe seja mais participativo, por ser uma das partes essenciais na administração da própria cidade. Não podemos esperar que seja a administração, o Governo a fazer tudo”, lembrou o administrador, para quem é importante os membros do seu pelouro procurarem garantir o bem-estar das populações.
José Mendes Belo disse, na ocasião, estar em marcha um projecto para a divisão de mais de dois mil lotes de terreno a serem colocados à disposição dos cidadãos, principalmente aos jovens, que pretendem realizar o sonho da casa própria. "Nos próximos dias, iremos anunciar a efectivação do projecto. Achamos que devemos trabalhar cada vez mais para garantir o bem-estar social das nossas populações”, frisou.
Questionado sobre a efectivação dos vários projectos que são anunciados para o município, com particular destaque para a centralidade, o administrador adiantou que o arranque das obras da construção está condicionado com a desminagem do terreno.
O dirigente manifestou ainda optimismo quanto ao futuro do município, tendo em conta a existência de vários projectos, que, quando concluídos, vão trazer outro alento à vida dos munícipes, um deles a refinaria, as fábricas de fertilizantes e de gás.
Aumento da distribuição de água potável é das prioridades
O acesso à água potável, entre as várias dificuldades enfrentadas pelos habitantes, é um problema que se vai agudizando, cada vez mais, com o crescimento demográfico. Em relação ao assunto, o administrador municipal adiantou que o governo provincial está concertar algumas medidas com o Ministério de tutela, no sentido de, em breve, aumentar a capacidade de distribuição de água potável às populações.
"O actual sistema de água para o Soyo foi concebido para 50 mil habitantes e hoje estamos próximos dos 300 mil habitantes”, lembrou o administrador, acrescentando que a maioria dos projectos foi feito com verbas do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Programa de actividades
Entre as actividades reservadas para marcar a data consta a entrega, pelo governador, de uma escola de sete salas de aula às populações da localidade do Mbenza. Nos próximos dias, acontecem outras inaugurações de infra-estruturas, também, construídas com fundos do PIIM, como explicou o administrador.
A Feira Provincial de Produção Local é outro dos atractivos locais. O governador Adriano Mendes de Carvalho disse ter ficado satisfeito com a quantidade e qualidade dos produtos expostos, com destaque para os agrícolas.
O governante reconheceu as potencialidades da região, particularmente, no cultivo de ananás e laranjas, tendo, por isso, apelado à classe empresarial local a apostar na instalação de pequenas fábricas de sumo.
"A província produz muita fruta, estamos a precisar de pequenas fábricas para a transformação destes produtos e facilitar a vida dos camponeses. Não faz sentido importar polpa de ananás ou de laranja, quando já temos muita produção nacional. Precisamos é de dar oportunidade à classe empresarial para a instalação de fábricas”, referiu no acto.
O governador mencionou também a realização regular da feira, preferencialmente com intervalos de três ou seis meses. "É preciso também definir critérios de atribuição de prémios aos participantes, em função das áreas de actividade”, disse.