O Hospital Provincial Materno-Infantil do Cuanza-Norte registou, nos últimos três meses, 573 partos de menores de 17 anos, com destaque para uma parturiente de 12 anos, a informação foi avançada pelo director clínico da instituição, apelando aos pais a prestarem mais atenção às filhas.
O director informou que, no ano passado, a unidade hospitalar notificou cerca de 1.845 casos de gravidez precoce, um registo superior ao de 2021 que recebeu 1.050 pacientes.
De acordo com o médico, a adolescente de 12 anos teve um parto normal por ter tido já uma vida sexualmente activa e por possuir um corpo fisicamente constituído, por isso, aconselha aos progenitores a terem maior atenção com as filhas menores.
Gilberto Canda alertou que quanto à gravidez na adolescência, os partos trazem consigo alguns riscos, já que os órgãos reprodutores destas não estarem ainda bem constituídos e preparados para a fase de reprodução. Acrescentou que, no acto do parto, podem surgir várias consequências, passando, às vezes, por cesarianas ou partos prematuros.
Segundo revelou, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como idade aconselhável para a reprodução além de 20 anos, pelo facto de que na gestação precoce o organismo da adolescente ainda não apresenta maturação adequada para suportar outra vida.
"Uma gravidez precoce pode desencadear em um parto prematuro, aborto e gerar um recém-nascido com má formação congénita e risco de vida, porque em determinadas ocasiões as meninas adolescentes não resistem durante o parto”, disse.
Para o Psicólogo Clínico Milénio Ferreira, as adolescentes que passam por uma gravidez precoce podem apresentar, algumas vezes, depressão psicológica, ansiedade, estresse e frustração, particularmente, quando o pai da criança não as assume.
Milénio Ferreira explicou ainda que uma gravidez precoce, quer seja normal ou adquirida por violação, traz na adolescente várias consequências, desde traumas e perda de confiança nos adultos.
Revelou que a questão da gestação precoce na província do Cuanza-Norte é muito preocupante, a julgar pelo aumento de casos ao longo dos últimos anos.
"Penso que é chegada a hora do Governo criar estratégias para a redução de casos desta natureza, com a criação de mecanismos nas escolas e noutros lugares, para reforçar o debate de temas relacionados a esta questão”, concluiu o psicólogo.