A maternidade Irene Neto do Lubango, na província da Huíla, reabre, nos próximos dias, o gabinete “Amigo de Adolescente”, para facilitar o atendimento especializado nos casos de gravidez precoce.
A directora clínica interina informou que estes serviços asseguram o apoio psicológico a menores de 18 anos, para saberem lidar com a fase da gravidez precoce e evitar transtornos físicos, mentais e sociais.
O gabinete "Amigo de Adolescente”, sublinhou, é composto por enfermeiros, médicos e psicólogos clínicos.
"A maternidade já tinha esta área de atendimento antes. Ficou suspensa devido às mudanças necessárias para a reabilitação e modernização do hospital. Agora que voltamos a trabalhar nas novas instalações, estamos a fazer todo o esforço para revitalizar o consultório dos adolescentes”, disse.
Informou que a falta de atendimento especializado coloca na mesma lista de espera adolescentes e adultos. Este facto provoca desistência de muitas meninas grávidas a fazer as consultas, colocando em risco a sua vida e a do bebé.
A médica garantiu que com esse serviço, o atendimento vai melhorar, porque muitas delas ficam acanhadas ao serem atendidas ao mesmo tempo com as pacientes adultas. "A menina sente-se envergonhada. Algumas desistem das consultas e por causa disso perdemos a oportunidade de fazer o acompanhamento adequado”, disse.
Juliana da Encarnação realçou que enquanto se criam as condições para a reabertura do gabinete "Amigo de Adolescente”, o atendimento tem sido feito nos serviços de consulta de alto risco obstétrico, de acordo com as orientações da saúde pública.
Casos preocupantes
Juliana da Encarnação alertou que a tendência crescente de casos de gravidez precoce preocupa a direcção da maternidade do Lubango, pelos riscos inerentes que as meninas passam, do ponto de vista biológico, físico, psicológico e social.
Precisou que a maternidade do Lubango atende mensalmente dez casos de gravidez precoce.
Os riscos associados à gravidez precoce, destacou, são os transtornos psicológicos, discriminação, interrupção dos estudos, entre outros males que afectam directamente as meninas.
Além destas contrariedades, acrescentou, existem ainda as infecções, abortos precoces, partos prematuros e por via da cesariana, assim como outras complicações. Isso acontece porque o organismo da adolescente não está preparado para o período de gestação.
Explicou que a maternidade tem realizado palestras sobre consultas pré-natais, onde casais de namorados, pais e encarregados de educação são incentivados a participar como forma de estimular o apoio das famílias a meninas grávidas.
"Pedimos a presença dos parceiros porque a responsabilidade da gravidez é de ambos. Temos apelado também para que eles venham com um tutor, no sentido de receberem as devidas orientações de como enfrentar esta fase da vida”, referiu.