Mais de 1.000 camponeses recebem insumos para aumentar a colheita


Mais de 1.400 famílias camponesas na província do Cuando Cubango começaram a beneficiar, desde o mês passado, de enxadas, catanas, carros-de-mão e outros meios de trabalho, para o fomento do cultivo do milho, massango, massambala, hortícolas e tubérculos diversos.

O director do Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas, Rafael António Samba, disse que a sua instituição recebeu do ministério de tutela, no mês de Fevereiro, 6.500 instrumentos de trabalho, dos quais 2.000 enxadas e igual número de catanas e de limas, bem como 500 carros de mão, que estão a ser distribuídos aos camponeses os nove municípios do Cuando Cubango.

Sublinhou que estes meios estão a ser entregues em antecipação da campanha agrícola 2023/2024, uma vez que a província nos três anos tem sido assolada pela estiagem que devastam milhares de hectares de produtos, causando a fome e pobreza no seio das comunidades camponesas.

Rafael António Samba referiu que a falta de distribuição de meios de trabalho e de charruas de tracção animal, no início da presente campanha agrícola 2022/2023, contribuiu negativamente para a redução do cultivo de muitas famílias.

Para mitigar a situação, o Ministério da Agricultura enviou para a província alguns inputes agrícolas que fazem falta aos homens do campo para que possam aproveitar as potencialidades hídricas e terras aráveis do Cuando Cubango para a produção em grande escala de arroz, milho, feijão, massango, massambala, mandioca, inhame, batata-doce e rena, cebola, alho, tomate, repolho, couve, cenoura, pepino, entre outras culturas.

Rafael António Samba fez saber que além das mais de 100 mil famílias camponesas existentes na região, o Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas, controla 408 associações e 27 cooperativas de camponeses nos municípios de Menongue, Calai, Cuchi, Cuangar, Cuito Cuanavale, Dirico, Mavinga, Nancova e Rivungo.

 

Estiagem

O director do Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas informou ainda que as fracas chuvas que se fazem sentir na província do Cuando Cubango está a causar problemas de estiagem das culturas de milho, massango, feijão e massambala, sobretudo nos municípios do Rivungo, Dirico, Calai, Cuangar e Nancova.

Revelou que neste momento já se regista muitas lamentações dos agricultores que estão a prever resultados muito abaixo em termos de colheitas na presente campanha agrícola devido a este fenómeno natural.

Sem avançar os prejuízos causados até agora, Rafael Samba disse que os intervalos que se registaram sem chuvas, no período que representa a primeira época agrícola (entre Outubro e Janeiro), provocaram grandes perdas nas primeiras sementeiras, com maior realce para o cultivo do milho.

Referiu que a situação preocupa as mais de 100 mil famílias camponesas envolvidas neste ano agrícola no Cuando Cubango, que previam colher mais de 212 mil toneladas de produtos diversos, cultivados num total de 202.574 hectares.

Para se atingir esta meta, explicou que a quando da abertura do ano agrícola 2022/2023, o governo provincial procedeu a distribuição de 489 toneladas de sementes diversas, sendo 239 toneladas de milho, 20 toneladas de arroz, 15 toneladas de massango e igual número de massambala, 10 toneladas de trigo, cinco toneladas de feijão e de soja.

Rafael António Samba acrescentou que para minimizar os efeitos negativos da estiagem, estão a decorrer acções de sensibilização nas localidades mais afectadas, no sentido dos camponeses aderirem à produção de hortícolas e cereais nas zonas baixas, ou seja, próximas dos rios, para garantirem o auto-sustento das famílias.

"Estamos a sensibilizar as comunidades para produzirem junto aos rios, porque segundo as informações que recebemos das Administrações Municipais, haverá muita fome no seio das famílias, tendo em vista que muitas delas perderam quase toda a produção”, disse o director.

Garantiu que Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas tem estado a apoiar as cooperativas e associações com insumos agrícolas e instrumentos de trabalho, com a parceria do Fundo de Apoio de Desenvolvimento Agrário (FADA) que tem financiado os agricultores com vários inputes, como tractores, charruas de tracção, fertilizantes, sementes, motorizadas de três rodas, entre outros meios.


Produtores querem mais apoios

Os camponeses do município do Cuchi disseram que registaram perdas avultadas das culturas de milho, massango, massambala, feijão, entre outros produtos cultivados na primeira fase da campanha agrícola 2022/2023, causados pela estiagem que assola aquela região.

Em declarações ao Jornal de Angola, vários agricultores apontaram perdas de até 80 por cento da sua produção, como resultado dos interregnos que se registaram, entre uma chuva e outra, no território do Cuando Cubango em geral e que provocaram danos enormes a diversas culturas, com maior realce para o milho.

João Cassanga explicou que, inicialmente previa colher cerca de 10 toneladas de produtos diversos, mas por causa das irregularidades das chuvas, perdeu a maior parte da produção.

"Se conseguirmos colher duas toneladas, vamos dar graças a Deus, porque na minha lavra não há quase nada, perdemos toda a produção”, lamentou.

Acrescentando que nos anos anteriores, a estiagem não havia arruinado tanto assim a produção naquela região. "Exerço a actividade agrícola há muitos anos e nunca passei por isso, a minha produção nunca tinha sido tão afectada como neste ano, infelizmente as famílias aqui no Cuchi vão ser muito afectadas pela fome”, deplorou.

 

Preocupação

Ulembue Cambinda, outro camponês, informou que a falta de chuvas nos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano, está na base da perda de toda a sua produção nesta época agrícola, temendo pela insegurança alimentar das famílias residentes no município do Cuchi.

A par da estiagem, Ulembue Cambinda referiu que a distribuição tardia das sementes diversas, pelo Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas, também esteve na base do insucesso dos camponeses nesta época agrícola.

Apelou por este facto a quem de direito, no sentido de se fazer a distribuição dos insumos e inputes agrícolas atempadamente, para garantir com que os camponeses possam começar as sementeiras no mês previsto do início da campanha agrícola que é Outubro, tendo em vista que só recebem depois de um ou dois meses.

Dados da secção da Agricultura e Pescas do Cuchi apontam que 70 por cento, das 12 mil toneladas de produtos diversos que se previa colher inicialmente na presente campanha agrícola, foram danificadas devido à estiagem e as mais de 9.600 famílias camponesas envolvidas correm  risco de fome.


Pedro João Cassule Manuel Manuel

• Desejo fazer parte da equipe e actuar na ária de informática. Acredito que poderi executar meus conhecimentos teóricos e práticos e ajudar no crescimento da empresa e do grupo de trabalho.

Enviar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem