Mais de um milhão de moçambicanos afectados por desastres naturais


Pelo menos 302 pessoas morreram e mais de um milhão foram afectadas por desastres naturais em Moçambique, na actual época chuvosa, indica um relatório do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD). A maioria dos óbitos foram causados por desabamento de paredes, afogamentos e relâmpagos, refere o INGD na nota enviada à Lusa.

A província de Zambézia registou o maior número de óbitos, um total de 179, seguida de Sofala, com 27, ambas províncias do Centro de Moçambique. Desde 01 de Outubro de 2022 até 03 de Abril, os desastres naturais fizeram também 807 feridos e destruíram parcial e totalmente 222.088 casas e inundaram outras 80.560. O mau tempo afectou ainda 1.043 escolas, 1.198.261 alunos e 14.765 professores, avança o INGD. A época chuvosa 2022/2023 foi também marcada pela passagem do ciclone Freddy, que causou a morte de pelo menos 169 pessoas e atingiu mais de 200 mil famílias.

Freddy é já um dos ciclones de maior duração e trajectória nas últimas décadas, tendo viajado mais de 10.000 quilómetros desde que se formou ao largo do Norte da Austrália em 04 de Fevereiro e atravessou todo o oceano Índico até à África Austral.

O ciclone atingiu pela primeira vez a costa Oriental de Madagáscar em 21 de Fevereiro e regressou à ilha a 05 de Março, onde deixou um rasto de 17 mortos e 300 mil pessoas afectadas, segundo os últimos dados.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o Freddy pode ter quebrado o recorde de duração do furacão John, que durou 31 dias em 1994, embora os peritos da instituição não confirmem este recorde até que o ciclone se tenha dissipado. Moçambique, considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, está em plena época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de Outubro e Abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.

122 mortes por cólera  desde Setembro de 2022

Moçambique  registou pelo menos 122 mortes e 17.762 outras foram internadas, devido à pandemia da cólera que iniciou em Setembro de 2022, indica o boletim diário do Ministério da Saúde (Misau), citado,  ontem, pela Lusa. Actualmente estão internadas 221 pessoas, tendo sido registados 193 novos casos nas últimas 24 horas, refere a actualização da Direcção Nacional de Saúde Pública.

Moçambique registou desde Setembro, um acúmulo de 26.253 casos da doença. As províncias de Niassa, Tete, Sofala e Zambézia estão entre as mais afectadas pela doença, havendo também casos registados na província de Nampula, Norte de Moçambique, e em Maputo, capital do país.

Um total de 1,2 milhões de pessoas foram vacinadas contra a cólera em três províncias, número que corresponde a 100% da meta prevista.

Entretanto, o Governo dos EUA  aprovou três subvenções de assistência humanitária para as populações afectadas pelo ciclone Freddy, num valor total de 5,7 milhões de dólares, informou fonte oficial citada pela CNN. "Estamos profundamente preocupados com o impacto devastador do ciclone Freddy sobre o povo de Moçambique", disse o embaixador dos EUA no país, Peter Vrooman.

O valor será alocado através do PAM, da OIM, do FMI e do Unicef, cujo objectivo é garantir a assistência urgente às vítimas do ciclone. "O financiamento proverá 30 dias de assistência alimentar de emergência a 135.000 pessoas e 'kits' de abrigo a mais de 7.500 lares, bem como um amplo apoio em termos de água e saneamento. Os fundos serão também utilizados para a rápida reabilitação de instalações de saúde, incluindo infra-estruturas de água danificadas", lê-se na nota. "Outras actividades incluem água, saneamento, e intervenções de higiene para ajudar a conter a propagação da cólera”.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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