Prado Paim “aquece” hoje palco da Unidade Africana

  

Os sucessos musicais “Bartolomeu”, “Nzenze”, “Ambundu” e “ Mensagens aos Presidentes Africanos” podem ser ouvidos hoje, com actuação de Prado Paím, no palco da Unidade Africana, no Miramar, em Luanda.

Convidado do Conjunto Dizu Dietu, no projecto Almoço da Família, Prado Paím vai ser acompanhado pelos instrumentistas consagrados e intérpretes revelações da música angolana, nomeadamente Teddy Nsingui, Rául Tollingas, Lito Graças, Mias Galhetas, Yark Spin, Bucho Martins, Benny Makanzo, Legalize e Luís Sax.

As últimas aparições públicas aconteceram durante a fase da pandemia, no "Show do Mês” e no "Live do Kubico”, da TPA, como convidado de Eduardo Paím, sobrinho do cantor e compositor, natural do Dande.

No decorrer dos ensaios, durante a semana, afirmou que está afastado dos palcos por questões de saúde e falta de convite. Satisfeito por voltar ao espaço, desta vez para cantar, depois da passagem em Fevereiro durante o concerto de Massano Júnior.

O artista mostrou ser muito exigente na execução dos temas e contou histórias como esta "Mias, cuidado com este baixo porque quem tocou foi o Carlitos Vieira Dias, meu amigo e tem história. O Teddy é o nosso Dr. Nicó é mestre na guitarra, vamos fazer um bom espectáculo”.

Aos 81 anos de idade, quer continuar a fazer o que mais gosta, cantar, por isso está em estúdio a gravar o primeiro álbum, com o acompanhamento da Banda Maravilha, que em Novembro do ano passado comprometeu-se publicamente em apoiar durante um concerto realizado na Casa da Cultura do Rangel, Nzinga Mbandi.

No espectáculo realizado por ocasião do aniversário da Independência Nacional, Prado Paim também fez uma incursão à canção política como "Ambundu” e  "Mensagens aos Presidentes Africanos”.

No dia 3 de Março de 1974, Prado Paim tornou-se o primeiro artista angolano a conquistar um disco de ouro, com um single onde encontramos "Bartolomeu” e "Nzenze”. Numa cerimónia onde Teta Lando obteve distinção semelhante mas com um Long Plat.

Os trabalhos foram editados pela Companhia de Discos de Angola (CDA), gravados com  o conjunto Os Merengues, dirigidos por Carlitos Vieira Dias, numa formação onde pontificavam Joãozinho Morgado, Zé Keno, Zeca Tirilene, Gregório Mulato e outros que têm as impressões em temas que marcam o período da Independência Nacional.

Embora granjeie prestígio nos meandros da história da Música Popular Angolana, o artista lamenta a falta de oportunidades para mostrar a sua arte. Porém, garante que apesar da idade tem "pulungunza” para interpretar sucessos e composições inéditas.

A vontade de deixar para a posteridade as suas criações pode ser, actualmente,  uma realidade com a gravação do primeiro disco da carreira que tanto almeja.

De acordo com o músico, a Banda Maravilha tem apoiado esse processo, depois de Marito Furtado ficar sensibilizado com o desabafo do "dourado” Paím, em Novembro do ano passado, no decorrer de um espéctáculo realizado na Casa da Cultura Nzinga Mbandi. Apesar deste gesto e do processo de gravação, o músico precisa de ajuda para custear todo o processo de gravação.

Aposta no estilo bolero, presente em temas como "Engrácia” e "Juliana”, além da forte influência da rumba congolesa.

Natural do Dande, província do Bengo, onde começou a desenvolver os dotes artísticos, depois pertenceu, já em Luanda, na pequena formação, Lambulas do Ritmo.

A participação numa edição do programa Kutonoca, no Prenda, em 1967, transformou acentuadamente a sua carreira, seguindo o período da canção política que culminou com independência, em que o artista, à semelhança de muitos jovens naquela altura, envolveu-se na luta de libertação.

 

Música e farra

A actuação, hoje, faz de Abril um mês considerado muito agitado da voz que dá forma ao bolero "Engrácia”, considerada por muitos fãs e colegas como uma das relíquias de Prado Paim.

O Conjunto Dizu Dietu e os Kiezos animam o projecto Almoço de Família,  no espaço Unidade Africana onde apresentam um reportório de temas nacionais e internacionais, com a responsabilidade de levarem artistas convidados. Na última passagem levaram vozes femininas como Lila Burity, Clara Monteiro, Erika Nelumba, Nicinha Burity, Djanira Mercedes e Raquel Lisboa.

Volta a actuar no mesmo espaço, Unidade Africana, no dia 29, na Maratona dos Kotas e dia 30 partilha com Gaby Moy, no Muzonguê do Ngolo, no Kinenu Club.

No dia 29, o suporte instrumental na Maratona dos Kotas conta com Prado Paím, onde encontramos Calabeto, Dom Caetano, Sabino Henda, Augusto Chacaya, Lulas da Paixão, Carlos Lamartine, Gaby Moy, Voto Gonçalves, Massano Júnior, Clara Monteiro, Robertinho e Dina Santos.

 

Cantor Nacionalista    

Domingos Prado Paim nasceu aos 14 de Janeiro de 1942, no Dande, actualmente reside no Sambizanga, rua 12 de Julho, Zona 13. Serralheiro mecânico de profissão, é conhecido por Papá Bolingó devido à influência congolesa.

O cantor e compositor assume-se como nacionalista e patriota, envolveu-se em actividades clandestinas aos 16 anos, em Caxito, na companhia dos amigos Américo de Gouveia Leite, Mateus Sebastião Francisco, Zitinho e Humberto Gouveia Pinto. Por cantar temas de carácter revolucionário, em 1959 começa a ser perseguido pelas autoridades coloniais, por isso emigra para Luanda, proveniente do Dande.

Na capital do país, como trabalhador da companhia de Cimento de Angola, deu continuidade aos trabalhos políticos contra o regime colonial português, lançando panfletos, mobilizando camaradas, recebendo orientações dos nacionalistas Vidal, General Mona, General Manuel Alexandre Duarte Rodrigues "Kito”, Francisco Conde Victória, Bunde Conde e orientações de Pedro de Castro Van­Dúnem "Loy”.

"Não deixo de lembrar o período muito duro que passamos sofrimento, em 1961, quando a Policia Internacional em Defesa do Estado Português foi prender-nos em casa do meu irmão nacionalista Manuel Paim Neto, juntamente com outros nacionalistas e patriotas José Luís de Sá Menezes e António Garcia de Miranda Paim, e muitos outros nacionalistas que a memória me cega que deram o melhor que tinham para dar por esta pátria mãe amada e querida Angola”, desabafou o artista.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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