Programa Kwenda realiza sonhos de várias famílias

A criação de pequenos negócios, obtenção de utensílios domésticos e compra de chapas de zinco para a construção de moradias, constam dos principais benefícios alcançados através da primeira fase do Programa de Fortalecimento de Protecção Social, Kwenda, junto das 15.584 famílias abrangidas nos municípios do Golungo-Alto e Ambaca, província do Cuanza-Norte.

Executado através de transferências monetárias no valor de 51 mil kwanzas, por cada agregado, implementado pela agência governamental FAS, o Programa Kwenda está a permitir a realização de acções modestas, mas significativas para a vida das comunidades, com a criação de premissas que permitem que os cidadãos saiam do nível de extrema pobreza.

O Jornal de Angola constatou que em Ambaca foram contemplados, até ao momento 11. 220 agregados, enquanto no Golungo-Alto estão atendidas 4.364 famílias, que juntas aos de Quiculungo e Banga perfazem um total de 17.497 beneficiários directos, por via das transferências sociais monetárias.

Entre os contemplados, nota-se a evidência de mulheres no comando das acções desenvolvidas, como o caso de Fátima Kizua, moradora do bairro Fuma, a seis quilómetros da vila de Camabatela, que criou um campo de cultivo de mandioca, de meio hectare, como projecto elaborado com o dinheiro recebido.

Conta que, com os 51 mil kwanzas recebidos, pagou a mão de obra das "mibangas” (pequenos montes por onde se plantam ou semeiam mantimentos), para além da compra de plantas de mandioqueiras que cultivou em Outubro passado e espera colher em Maio de 2024.

Afirmou que, caso as chuvas sejam regulares, espera colher cerca de quatro toneladas do produto, que depois da safra vai ser transformado em bombó, cujo balde de 10 quilos é vendido no mercado local ao preço de dois mil kwanzas.

Nas estimativas, a camponesa prevê ganhar 200 mil kwanzas por cada tonelada de mandioca. Referiu que tem esperanças de obter bons lucros, criar um negócio permanente depois da recolha e venda dos mantimentos.

 Por sua vez, Josefa Macungo, 29 anos e três filhos, revelou que o programa Kwenda deu a si a primazia da realização do sonho da casa própria, construída de adobe e coberta de chapas de zinco, ao contrário do quarto onde vivia anteriormente com o marido e os rebentos, com o tecto de capim, que permitia a entrada de goteiras em dias de chuvas.

"A realização de qualquer família é ter a casa própria e o Programa Kwenda permitiu a construção da minha casa, com quatro quartos e uma sala grande”, disse.

 Fez saber que os tijolos rústicos foram feitos por si e familiares, que também ajudaram na construção da casa, sem qualquer custo.

 Salientou que, agora, aguarda a recepção dos outros 51 mil kwanzas previstos na segunda fase, cujo destino vai ser a criação de um negócio, para ajudar o esposo nas despesas de casa.

O soba da aldeia do Fuma, Frederico Morais, considera o Kwenda o programa humanitário que pode devolver a alegria de muitas famílias com poucos recursos financeiros. "Muitos de nós só precisam de pequenos incentivos para começar a desenvolver actividades rentáveis e gerar lucros para garantir uma vida digna à família”, disse.

A entidade tradicional apelou às autoridades governamentais para a continuidade do programa, de modo a poder beneficiar outros cidadãos em condições de vulnerabilidade.

Na comuna de Kilunge, pertencente ao Golungo-Alto, o Kwenda beneficiou um total de 520 agregados de 12, dos 18 bairros existentes, onde a compra de utensílios domésticos e a criação de negócios de pastelaria estão entre os justificativos dos valores gastos, entregues em Fevereiro do presente ano.

Por exemplo, Paulina Gabriel, de 59 anos, natural e residente da comunidade de Andulo, a 18 qilómetros da vila do Golungo-Alto, conta que sempre sonhou em ter um fogão a gás, desejo realizado através do dinheiro recebido no âmbito das transferências monetárias do Kwenda.

Lembrou que desde menina que cozinha à lenha, facto que - no seu entender - era mais complicado por altura das chuvas, quando o pau seco usado como combustível ficava molhado, tornando-se mais pesado para transportar sobre a cabeça, num percurso de quatro quilómetros até à casa.

"Comprei um fogão pequeno e uma botija de gás. Agora cozinhar à lenha faz parte do passado”, salientou, reiterando que com o remanescente, ainda, comprou roupas de cama, louça e uma mesa de plástico, com quatro cadeiras.

A nível da sede do município, o Jornal de Angola encontrou no bairro Kiaposse a jovem Cristina José, de 28 anos, que optou pelo negócio de bolinhos fritos, comercializados junto ao Hospital Central local.

Fez saber que o financiamento recebido permitiu, numa primeira fase, a compra de um saco de trigo, de 50 quilogramas, e um utensílio plástico de óleo vegetal de cinco litros, fermento e outros inputs necessários para confeccionar as guloseimas.

Frisou que, em média, factura entre cinco e oito mil kwanzas por dia. Avançou a pretensão de criar uma cantina, onde para além de bolinhos possa vender gelados e outros produtos de primeira necessidade, procurados pelos moradores da localidade.

 

FAS vai continuar a apoiar iniciativas de negócios

O director do Instituto de Desenvolvimento Local do Cuanza-Norte, Lourenço Matias, frisou que a iniciativa de Cristina José e outros associados que derem garantias de progresso vão beneficiar da segunda fase das transferências monetárias.

Acrescentou que vão ser abrangidas nas acções de inclusão produtiva para a sustentabilidade de actividades geradoras de rendas para a melhoria da situação social e económica das comunidades rurais.

Falando durante a visita de constatação do impacto do Programa de Fortalecimento da Protecção Social, Kwenda, junto das famílias abrangidas nos municípios do Golungo-Alto e Ambaca, disse que o processo de inclusão produtiva arranca em definitivo em Setembro, mas avançou que já estão em curso acções de cadastramento das cooperativas e acções individuais, passíveis de apoio.

Anunciou que a província conta, também, com um Centro da Acção Social Integrado (CASI), criado no município do Quiculungo, infra-estrutura que procura aproximar os cidadãos aos serviços essenciais, como a aquisição dos Registos de Nascimento e Civil, bem como intermediar conflitos de vária ordem nas comunidades.


Milhares de cidadãos já beneficiados

No decurso deste ano, o Executivo prevê desembolsar mais de oito mil milhões de kwanzas, para um milhão de agregados familiares, no âmbito das acções de transferências monetárias, com o propósito de melhorar a condição de pessoas em situação de vulnerabilidade no país.

Nos últimos três anos, o Estado já investiu mais de 33 mil milhões de kwanzas, para ajudar na melhoria da condição social de mais de um milhão de agregados, em 60 municípios, compostos por 9.397 aldeias do território nacional.

A nível do Norte de Angola, o projecto beneficiou 15 municipalidades, com um total de 95.960 associados beneficiados.

O Programa KWENDA é uma iniciativa do Governo, que visa apoiar 1. 608. 000 famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade no país. É financiado em 320 milhões de dólares, cedidos pelo Banco Mundial e outros 100 milhões da mesma moeda, financiados pelo Tesouro Nacional.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

• Desejo fazer parte da equipe e actuar na ária de informática. Acredito que poderi executar meus conhecimentos teóricos e práticos e ajudar no crescimento da empresa e do grupo de trabalho.

Enviar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem