A Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) vive, actualmente em todo o país, uma situação financeira preocupante, representada numa elevada dívida de clientes, avaliada em 211 mil milhões de kwanzas.
Neste processo de devedores, as instituições públicas destacam-se entre os elevados números, com um total de 34,9 mil milhões de kwanzas (34.984.899.137,51).
Marcos Gabriel Balanca referiu que, até ao final do ano passado, a empresa registou uma dívida estimada em 209 mil milhões de kwanzas, repartidas pelas 18 províncias.
A capital do país com 1 milhão e 55 mil clientes apresenta um quadro de dívidas que corresponde a 118,84 mil milhões de kwanzas, ao passo que a província do Cuando Cubango aparece como a menos devedora, num universo de mil milhões de clientes, com uma soma de 1, 4 mil milhão de kwanzas (1.462.257.740,52).
O director esclareceu que um dos grandes métodos implementados para ajudar a minimizar o impacto negativo das dívidas sofridas pela empresa tem sido por via do processo de migração do cliente, ou seja, do sistema pós-pago para o pré-pago, que permite transportar as dívidas que são pagas numa modalidade mais flexível que é a subtracção de trinta por cento do valor que o cliente leva à agência.
Apesar desse quadro negativo, a empresa, segundo o responsável, tem levado energia eléctrica a mais famílias angolanas, através da expansão da rede de distribuição o que permitiu obter, neste primeiro trimestre, uma facturação de 2.857.971.039 kwanzas.
O sistema de instalação massiva de contadores pré-pago depende de apoio institucional do Estado, uma vez que a empresa de electrificação nacional está com escassez de recursos financeiros para garantir esse investimento.
Projectos estruturantes
De acordo com o director comercial, através do Estado, o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) estão a financiar o fornecimento e instalação de 1 milhão 364 mil contadores para o país, apesar de que o processo já vem desde 2018.
Dada a oferta de energia eléctrica pelo país, era expectável que houvesse um nível de pagamento que respeitasse ou acompanhasse o grau de oferta da energia, existente actualmente.
Para minimizar a ausência de pagamento, a ENDE tem vindo a criar determinados projectos e programas que visam sugerir aos clientes a responsabilidade em termos de liquidação de dívidas.
Marcos Gabriel Balanca lembrou que a situação de pagamento de energia a nível nacional já foi muito mais crítica. Hoje tem-se desenvolvido políticas e estratégias no sentido de fidelizar e fazer perceber os cliente que a liquidação desse serviço deve ser vista como uma das suas primeiras linhas de prioridades.
Para colmatar a situação, a ENDE tem realizado campanhas de sensibilização e feiras que consistem na interacção com os clientes, de forma a sensibilizar e informá-los que apesar das somas elevadas contraídas pode efectuar-se o pagamento por parcela.
O director explicou que as maiores dificuldades de cobrança são registadas pelo segmento de clientes pós-pago que nem sempre têm disponibilidade financeira para liquidar as suas dívidas.
"Há vários factores que concorrem para isso e o outro prende-se com o poder de compra de alguns clientes”, disse.
Outra estratégia criada para combater a "fuga” ao pagamento foi a introdução de contadores pré-pagos, que se se massificar poderá observar-se uma dívida reduzida significativamente.
O responsável explicou que para a capital do país existem quatro centros de distribuição de energia e uma área de divisão de clientes de alta e média tensão.
Já as outras províncias apresentam uma situação bastante diferente, pois cada uma delas comporta apenas um único centro de distribuição eléctrica.
Nesta altura, há contactos avançados com algumas empresas que em breve vão auxiliar no processo de cobrança.
A empresa está a trabalhar com o Banco Mundial a fim de se rubricar um contrato até Setembro do corrente ano para facilitar o fornecimento e a instalação generalizada de 1 milhão 264 mil contadores em todas as províncias.
Captação de novos clientes
Marcos Gabriel Balanca disse que, actualmente, o registo em termos de diferença de clientes fora da contagem é de 1 milhão 234, e este número de contadores vai poder ajudar a cobrir a insuficiência existente até agora e inclusive os novos clientes que forem contratados porque além deste projecto existe um outro financiamento já aprovado, há três meses, para o financiamento e instalação de contadores pré-pagos na ordem de 174 mil que vão ser distribuídos em todo o espaço nacional.
O director comercial, sem adiantar números, garantiu que, internamente, a Empresa de Distribuição de Electricidade também, com os parcos recursos financeiros que possui, vai juntar-se neste processo de aquisição de contadores que serão destinados para os micro projectos.
As parcerias com os clientes portadores de posto de transformação resumem-se em trocas comerciais, sobretudo para os que se apresentam com licença, já que alguns dos proprietários do pós-transformação operam sem licença e comercializam a energia. E sobre esses casos, com base nos novos investimentos feitos pela ENDE poderá permitir o encerramento de alguns destes postos de transferência.
O processo de formalização de contratos a clientes comuns, decorre de forma normal em todas as lojas existentes nas 18 províncias, desde que se faça acompanhar da documentação necessária e uma quantia financeira entre 16 a 17 mil kwanzas.