A melhoria dos métodos técnicos agrários aplicados nas zonas de cultivo da província do Cuanza- Norte resultou na subida dos níveis de produtividade para uma média de 25 toneladas por hectare, o que permitiu alcançar, no presente ano, uma produção estimada em 259. 604 toneladas de mandioca numa área agrícola de cerca de 12.776 hectares.
Mateta Nzonzo informou que, entre as técnicas aplicadas, o realce vai para a selecção do tipo de plantas, a rotatividade dos solos, distanciamento de uma muda para a outra, bem como a forma de corte e aplicação das estacas no solo.
De acordo com o técnico, a produção internacional recomendada é de 30 toneladas por cada hectare cultivado, facto que, na sua opinião, faz acreditar que a produção local "está no bom caminho". Apontou os municípios de Bolongongo, Quiculungo e Cazengo, como os de maior produção, onde, no seu entender, os camponeses cumprem melhor com as recomendações baixadas pelas entidades agrárias, para além da fertilidade dos solos, das referidas zonas.
O responsável fez saber que, a nível do Cuanza-Norte, a variedade mais cultivada é a Vermute, que também é a mais comercial, por ser doce, de fácil adaptação e com maiores índices de produtividade. Mencionou, de igual modo, a existência de espécies autóctones como a Kissuto, Kalawenda e a Jaca.
Mateta Nzonzo descartou a possibilidade da existência de pragas que afectam a produção da mandioca a nível local, mas aventou a possibilidade da existência de alguns parasitas que afectam a referida cultura, por falta de rotação dos solos onde são produzidos. Realçou que, "depois da colheita da mandioca, é recomendável evitar o cultivo do produto no mesmo local por um período de três anos, para que as baterias ou vermes prejudiciais morram ou desapareçam".
Angola é o terceiro maior produtor em África
A actual capacidade produtiva de mandioca em Angola situa-se numa média de 11 milhões de toneladas por ano, factor que catapulta o país entre os três maiores produtores do tubérculo a nível de África, depois da Nigéria e do Ghana.
Para além do aproveitamento do tubérculo visando a produção da farinha de bombó, pretende-se, de igual modo, a criação de fábricas para a transformação de bolachas de amido, com um certo valor nutricional que pode servir para a criação de merendas escolares, visando o fortalecimento nutricional das crianças do ensino primário. A mandioca possui boas quantidades de fibra, composto que reduz a absorção de gordura dos alimentos, ajudando a diminuir os níveis de colesterol "ruim”, prevenindo doenças, como infarto, aterosclerose e derrame.
Também contém potássio e magnésio, minerais que ajudam a eliminar o excesso de sódio pela urina e promovem o relaxamento das artérias, prevenindo a pressão alta. Por conter alto teor de carboidratos, a raiz, também conhecida como capim ajuda a melhorar a energia e disposição por longos períodos do dia, sendo uma óptima opção especialmente para pessoas que praticam actividades físicas ou que gastam muita energia durante o trabalho, como no caso de pedreiros, carpinteiros, trabalhadores rurais e colectores de lixo.
Mais de 70 mil toneladas de produtos diversos colhidos na 2ª época
O responsável frisou que, entre Janeiro a Abril do presente ano, houve uma produção de 72.573 toneladas de produtos diversos, mais duas em relação ao período homólogo do ano passado (2022), com particular destaque para a batata-doce que teve uma safra de mais de 100 mil quilos, produzidas por mais de 8.000 famílias, entre camponeses associados e ex-militares.
Mateta Nzonzo salientou que a referida produção ocupou num total de 6.620 hectares, dos quais 6.272 trabalhados de forma manual e 347 de forma mecanizada. Quanto à especulação de preços para o desbravamento mecanizado das terras, frisou que os empresários locais o fazem, por alegações da escassez de peças e os preços altos da manutenção das máquinas.
Fez saber que o preço da lavoura estipulado pelo Estado é de 60.000 por um hectare, ao contrário dos 100 a 120.000 cobrados pelos proprietários das máquinas. Quanto ao cultivo da banana, informou que foram colhidas cerca de 1.720 toneladas, produzidas de forma esporádica.
Escolas de campo reforçam segurança alimentar e nutricional das famílias
O chefe de Departamento do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Cuanza-Norte, Mateta Nzonzo, revelou que a execução do projecto de Escolas de Campos Agrícolas, implementadas na circunscrição há três anos, está a melhorar os níveis de segurança alimentar e nutricional das famílias camponesas, através da produção de alimentos orgânicos, cultivados de forma apropriada e estabilizada.
O responsável avançou que, com a criação do projecto, o Executivo está, de igual modo, de forma paulatina, a assegurar o reforço da resiliência das famílias, através do fortalecimento das cooperativas e associação de camponeses, das escolas de campo, onde os agricultores aprendem novas técnicas de produção.
O chefe do IDA revelou que até ao momento já foram criadas 113 escolas de campo, das 835 previstas, para o Cuanza-Norte, que até ao final da empreitada, em 2026, vão beneficiar 36.335 agregados.
Esclareceu que as referidas escolas estão a ser implementadas nos municípios de Ambaca e Lucala, actualmente com 23, cada, Cambambe com 26, no Cazengo 20 e Samba-Caju com 21.
Destacou a atribuição de 29 motorizadas e quatro viaturas, para apoio técnico. Garantiu que o programa abarca na sua estrutura a reabilitação das estações de desenvolvimento agrícola, vias terciárias das principais zonas de produção, bem como as valas de irrigação de perímetros agrícolas.