O Governo desburocratiza o processo de emissão de cartões de subvenção à gasolina, que permitirá uma produção diária de 500 cartões, segundo o presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA).
"Infelizmente, a medida foi tomada antes da produção dos cartões e agora vai-se tendo alguma dificuldade na atribuição dos mesmos”, referiu, à Lusa, Francisco Paciente, que ontem participou numa reunião com a Agência Nacional dos Transportes Rodoviários e Taxistas de Luanda, para abordar a problemática dos cartões.
Na quinta-feira passada, o Governo angolano anunciou a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que iniciou com a gasolina, mantendo a subvenção aos outros derivados de petróleo.
Francisco Paciente sublinhou que todos os cartões emitidos até à data beneficiaram apenas taxistas de Luanda, onde estão registados 1.500 taxistas com veículos movidos a gasolina.
O responsável referiu que aguardam os relatórios das províncias da Huíla, Huambo e Namibe, onde boa parte dos veículos são a gasolina, ao contrário de Luanda, que tem 80% de veículos a gasóleo.
Questionado sobre qual o ânimo dos taxistas em Luanda nesta altura, Francisco Paciente disse que tem sido feito um trabalho de sensibilização, apelando à calma "para evitar situações desastrosas”.
"Segundo o Governo, os cartões estão a vir carregados com saldo dos dias em que os taxistas não tinham o cartão. Os cartões começaram a ser entregues no dia 2 de Junho, quem receber hoje vai ter no saldo os dias anteriores”, realçou, acrescentando que "estamos a exigir celeridade na atribuição dos cartões, para se evitar reacções daquelas que estamos a verificar nas demais províncias. Tudo pode ser evitado de acordo com a capacidade de produção e distribuição dos cartões aos taxistas”.
Deu a conhecer que "Luanda está calma, fruto do encontro que juntou taxistas e representantes de gestores de frotas. Vamos continuar a dialogar para que o Governo resolva o mais urgente possível esse problema dos cartões”.
Enquanto decorre o processo de entrega dos cartões, Francisco Paciente disse que têm recebido denúncias de casos isolados da subida de preço da corrida de táxi, mas "não há necessidade”, porque serão pagos os dias em falta, reiterando que "se o gasóleo não subiu e a gasolina será subsidiada não há razões da subida de preço da corrida de táxi”.
Tumultos no Huambo e na cidade do Lubango
Na província do Huambo, segunda-feira, e da Huíla, ontem, registaram-se alguns protestos violentos devido ao aumento do preço da gasolina.
No primeiro caso houve o registo de cinco mortos, oito feridos e mais de 30 detenções, ao passo que no segundo 53 cidadãos, dos quais nove implicados no incêndio de um autocarro que transportava passageiros e um camião de marca Caio, na cidade do Lubango, foram detidos.
Segundo o Comando Provincial do Huambo da Polícia Nacional, os tumultos começaram por volta das sete horas, protagonizados por taxistas e moto taxistas, supostamente em protesto à subida do preço da gasolina.
Os actos em referência consistiram na paralisação das actividadesde táxi em vários pontos da província, com incidência nos municípios do Huambo e Caála, concretamente nas paragens de táxi dos bairros S. Pedro, Benfica, Kavongue, S. João, Cambiote e na Rotunda de acesso à Centralidade Faustino Muteka, que haviam montado várias barricadas para molestar outros taxistas que não aderiram ao protesto violento, agredindo-os com objectos de arremesso, ao mesmo tempo que retiravam os passageiros dos seus veículos, o que motivou a pronta intervenção das Forças Policiais, com o intuito de salvaguardar a integridade física das pessoas e dos seus bens.
Na cidade do Lubango, província doa Huíla, os 53 indivíduos a contas com a justiça saíram à rua, supostamente, para se manifestarem pelo facto de ainda não terem recebido cartões de subvenção ao preço da gasolina, munidos de objectos contundentes que arremessavam em viaturas que circulavam na via pública.
Os manifestantes atiraram pedras em autocarros públicos e em táxis dos que não aderiram aos protestos, assim como ao comboio de passageiros do Caminho-de-Ferro-de Moçâmedes (CFM). A arruaça tinha de ser contida.