“Peça do Mês” destaca simbolismo dos Axiluanda na preservação da cultura

 

“Peça do Mês” destaca simbolismo dos Axiluanda na preservação da cultura

Manuel Albano

Jornalista

Os Axiluanda, representados por uma boneca, foi a temática escolhida como objecto do projecto cultural “Peça do Mês” do Museu Nacional de Antropologia, em Luanda.

05/04/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 09H00
“Peça do Mês” destaca simbolismo dos Axiluanda na preservação da cultura © Fotografia por: DR

No contexto histórico, a boneca, de acordo com o texto de apoio, é um objecto que está a representar os nativos da Ilha de Luanda. Sendo a capital do país, Luanda é uma cidade onde convergem muitas culturas, tanto endógena como exógena.

Os Axiluanda destacam-se, não só por serem nativos, mas por ainda conservarem alguns traços folclóricos que os distinguem, como: a prática da pesca artesanal, os pratos típicos tradicionais, sobretudo a sua vestimenta masculina e feminina.

Porém, sobre a vestimenta da mulher, de modo geral, segundo o texto de apoio, pode-se observar dois tipos: o europeu e para os mais conservadores, sobretudo as idosas, o tradicional estabelece uma diferença de expressão sociológica e cultural.

Entretanto, a mesma indica que o fenómeno de aculturação do vestuário não as atingiu. Outrossim, o traje tradicional na sua forma mais antiga consta de vários panos, o kimono e o lenço para a cabeça. Essas peças acompanhadas de acessórios como: brincos, anéis e pulseiras, preferencialmente de ouro que contribuem ou tornam a mulher muxiluanda bela e de regalo para os olhos dos observadores.

Nos panos, elas têm preferência pelos riscados entrecruzados ou axadrezados que designam por maculusso (cruzes) e também como diferentes estampas.

Quem se deslocar ao museu e ter contacto com a peça, a par da roupa interior, poderá constatar que a boneca usa três panos. O primeiro, partindo de dentro para fora, chamado de mulele ya jipanda, que é preso com um acessório com o nome de phonda ya mbunda, feito com uma tira de tecido que desce até ao artelho, sobreposto uma dobra em forma de sobressaia.

O segundo plano, do mesmo tamanho, passa por baixo das axilas e é preso sobre o peito ou lançado sobre o ombro esquerdo e também desce até ao artelho como o primeiro.

O terceiro pano é muito importante. É o pano da cabeça, colocado directo ou por cima do lenço e caído até a cinta. As pontas superiores podem ser dispostas de várias formas. Podem ser puxadas para frente, por cima dos ombros ou variar com uma ponta para atrás e outra para frente.

Para os usuários, este último pano é imprescindível para as pessoas que se prezem. Portanto, a boneca ora exposta, pertence ao subgrupo muxiluanda do grupo Ambundu e foi uma oferta ao museu da pesquisadora dos trajes típicos de Angola, Ana de Sousa.

 

O projecto

A "Peça do Mês” é um projecto expositivo regular, que consiste na exposição mensal de uma peça isolada, numa "vitrina especial”, do Museu Nacional de Antropologia, em Luanda.

O projecto visa, entre outros objectivos, apresentar temáticas e tipologias de objectos com elevado valor etnográfico, histórico e científico, permitir a rotatividade das colecções do Museu de Antropologia, divulgar e valorizar as suas colecções, através da "Peça do Mês”, e contribuir para o conhecimento da cultura de Angola.

O objectivo do projecto é levar o público a visitar o Museu Nacional de Antropologia, contribuir e aumentar o nível cultural da população, bem como as estatísticas da instituição, tendo como público alvo  crianças, jovens e estrangeiros.

No total, são 12 peças, uma por cada mês, cuja acção inclui  o tratamento e manutenção do acervo seleccionado, pesquisa e redacção de textos sobre a peça, aquisição de fotografias e de expositores e a  produção gráfica de postais. O Museu Nacional de Antropologia é um estabelecimento público que visa assegurar, entre outras atribuições, a divulgação do acervo cultural sob a sua guarda para fins educativos.

O Museu Nacional de Antropologia localiza-se no bairro dos Coqueiros, na cidade de Luanda. Fundado em Novembro de 1976, foi a primeira instituição museológica criada após a independência de Angola, ocorrida um ano antes. Esta instituição de carácter científico, cultural e educativo está vocacionada para a recolha, investigação, conservação, valorização e divulgação do património cultural angolano.

O Museu Nacional de Antropologia é composto por 14 salas distribuídas por dois andares que abrigam peças tradicionais, designadamente utensílios agrícolas, de caça e pesca, fundição de ferro, instrumentos musicais, jóias, peças de pano feitas de casca de árvore e fotografias dos povos khoisan. Além do seu núcleo permanente, o Museu recebe também diversas exposições temporárias.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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