O presidente da Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA), Manuel Quental, defendeu, ontem, na cidade do Uíge, a necessidade de haver maior inclusão social e valorização de pessoas com deficiência visual, para que possam desenvolver as suas actividades de forma plena, sem discriminação, e ter acesso aos direitos consagrados na Constituição.
O responsável realçou que a nível do país estão controlados mais de 3.500 membros com deficiência visual, associados na ANCAA, e grande parte tem capacidade para desenvolver várias tarefas, no domínio público ou privado, mas encontram dificuldades de acesso a vários serviços, para fazerem o que sabem.
Manuel Quental apontou a falta de implementação das leis existentes a favor das pessoas com deficiência como o maior obstáculo para que esta franja da sociedade tenha acesso fácil a vários serviços, como habitação, emprego, saúde especializados e outras acções.
"Vamos continuar a trabalhar com as instituicções públicas e privadas no sentido de alcançarmos o bem-estar da pessoa com deficiência visual, ultrapassar as barreiras e préconceitos, para que cada um faça o que sabe. O objectivo é um, desenvolvermos o país que se chama Angola e garantir o bem-estar social”, disse.
O seminário de capacitação, que juntou mais de 50 membros dos 1.200 deficientes visuais controlados a nível da província do Uíge, teve como objectivo esclarecer os direitos e princípios fundamentais da pessoa com deficiência visual, plasmados no protocolo africano da pessoa com deficiência.
A acção formativa visou, igualmente, despertar os membros que, com as suas capacidades intelectuais e profissionais, podem começar a desenvolver alguns projectos úteis, que, no futuro, podem merecer o apoio da associação e do Governo.
"Apesar de sermos deficientes, continuamos a ser pessoas normais com dignidade, direitos e deveres plasmados na Legislação Angolana”, encorajou o consultor da Associação, António Ventura.
A directora do Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género, Arminda Fernando Filipe, que procedeu à abertura do seminário, encorajou os deficientes a prosseguirem com a formação e reiterou o compromisso de o Governo de continuar a apoiar as iniciativas de pessoas com deficiência, "pois muitos deles são detentores de experiências técnicas e profissionais úteis para o autosustento e o bem-estar social”.
A responsável reconheceu que existe um número considerável de pessoas com deficiência, expostas a barreiras físicas, culturais e sociais, que constituem obstáculos ao progresso da vida. Defendeu a necessidade de haver uma acção articulada entre os intervenientes, para que todos trabalhem de mãos dadas em busca do bem-estar social.