Executivo reforça compromisso na protecção dos direitos fundamentais dos cidadãos

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes, solicitou, nesta quarta-feira, a colaboração de todos ao provedor de Justiça e reiterou que o Estado angolano tem cumprido a tarefa de assegurar o exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais, em observância à Constituição da República.

Ao discursar na abertura da Semana do Provedor de Justiça, no Palácio da Justiça, Marcy Lopes disse que o facto da Constituição da República prever e o Estado instituir um órgão que protege os direitos das pessoas demonstra o compromisso assumido de cuidar, respeitar os direitos fundamentais, bem como assegurar para que sejam observados e repostos em caso de violação.

Por esta razão, o ministro, que declarou aberto o ciclo de palestras em alusão ao Dia do Provedor de Justiça (assinalado ontem), apelou que todos devem colaborar e trabalhar para que a instituição se torne cada vez mais forte, actuante e conhecida pelos cidadãos.

"Apesar de não possuir poder decisório sobre os pedidos e reclamações, a actuação do provedor de Justiça não é um tiro de pólvora seca, porquanto é sobre os órgãos do Poder Público que recai o dever de cooperar com o provedor de Justiça, para a prossecução dos seus fins, sem ignorar a intervenção administrativa do provedor, para o esclarecimento de uma situação que envolva o respeito pelos direitos fundamentais das pessoas", apontou.

Marcy Lopes fez referência à utilidade e necessidade do órgão de garantia e protecção dos direitos que todos têm: "Respeitar os direitos fundamentais das pessoas é um compromisso constitucional que o Estado angolano em toda a génese procura garantir".

 

 Procura dos serviços

No discurso de boas-vindas aos participantes na abertura da Semana do Provedor e dia em que a instituição comemorou 18 anos de existência, a provedora de Justiça, Florbela Araújo, afirmou que todos os dias são recebidas reclamações.

Só no ano passado, acrescentou, registaram-se mais de 4 mil casos de queixas, com destaque para a morosidade processual nos tribunais, litígios de terras e questões relacionadas com as pensões de sobrevivência.

Em declarações à imprensa, Florbela Araújo reconheceu haver, actualmente, mais facilidade na interacção com os órgãos da Administração Central e Local, incluindo, entre outros, governadores, ministros, presidentes dos conselhos de Administração, entidades da Defesa e Segurança.

Apesar dos números aumentarem, com uma média de 300 ou mais por mês, Florbela Araújo reconheceu que "hoje tem sido mais fácil” trabalhar, depois da realização de uma mesa-redonda há dois anos, em que se chamou a atenção para o dever de cooperação estatuído na Constituição da República e no Estatuto do Provedor de Justiça.

"De modo que quando é solicitado um esclarecimento ou fazemos recomendações, de uma forma geral, somos correspondidos", realçou, embora tenha lamentado o facto de haver ainda alguns órgãos que demoram a responder ao cidadão.

Florbela Araújo lembrou que o provedor de Justiça é um órgão célere, mas que depende da resposta das entidades a quem pede esclarecimentos ou recomendações. Pelo menos, apontou, os casos relacionados com os ministérios do Interior, Educação e Saúde são respondidos atempadamente.

Nos conflitos de terras, por exemplo, explicou que como o provedor de Justiça tem o papel, de acordo com o Regulamento da Lei de Terras, de mediar os conflitos, o órgão tem criado uma comissão de mediação para resolver e quando, sem sucesso, é encaminhado para o tribunal.

Referiu que os prazos são incumpridos por todos, acreditando que se existirem tecnologias mais avançadas que se observam noutros países, onde se vê queixas por email e respostas pela mesma via, pode-se evoluir muito. "Mas nós ainda temos alguma dificuldade, embora tenhamos aberto um processo de audiência virtual, Angola é muito grande e ainda não chegamos a todos os lugares”, reconheceu a provedora de Justiça.

Sobre o número de casos resolvidos, Florbela Araújo explicou ser difícil apontar por causa da morosidade que se regista por parte dos órgãos afectos e que são poucos os cidadãos que escrevem para a Provedoria a informar que os seus problemas foram resolvidos. Indicou que, neste momento, o provedor de Justiça  está em 10 províncias e que a intenção é abrir mais serviços. Porém, tudo depende da criação de condições que o Executivo disponibiliza. Por outro lado, justificou que, onde haver falta de serviços, o provedor, adjuntos, directores, técnicos, todos os meses vão para lá divulgar o papel do provedor, realizando audiências e ouvindo as populações.

Esclareceu que com o tema "O Provedor de Justiça como defensor dos Direitos Fundamentais dos Cidadãos", o órgão pretende recordar que a instituição é uma entidade pública, concebida para servir os cidadãos, defender os seus direitos, as garantias contra uma actuação incorrecta ou inadequada dos serviços públicos.

  Homenagem ao primeiro provedor Paulo Tjipilica
Presente na cerimónia de abertura, Paulo Tjipilica foi homenageado por ser o primeiro provedor de Justiça de Angola, com a entrega de uma placa, em agradecimento pelos feitos em prol da defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

Segundo Florbela Araújo, a figura de Paulo Tjipilica é merecedora do título de "Provedor Emérito”, cujo formalismo legal já foi proposto aos órgãos competentes.

Em poucas palavras, Paulo Tjipilica, que exerceu durante 12 anos o cargo de ministro da Justiça e 13 como provedor de Justiça, referiu que a Provedoria de Justiça, nestes 18 anos, está dinâmica, fruto do esforço da actual liderança. "Diz a Filosofia que os factos só se vêem e não se devem provar. Está dito”, sublinhou.

Emocionado, sensibilizado com a homenagem, Paulo Tjipilica lembrou de vários momentos da carreira, situações vividas com a provedora de Justiça da Zâmbia, Caroline Sokoni, presente na sala, com quem viajou pela África inteira, considerando-a "uma cúmplice desde os tempos da Justiça”.

Enquanto provedor de Justiça, Paulo Tjipilica recordou que a "missão é de socorrer o cidadão, aqueles sem voz, sem ter sequer como aceder a certas entidades importantes do país”.

 

União Europeia

Na cerimónia de encerramento, a embaixadora e chefe da Missão da União Europeia, Jeanette Seppen, destacou o papel da Provedoria de Justiça de Angola na promoção da justiça e da igualdade, assim como a actuação essencial para garantir o pleno respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos angolanos.

Seppen referiu que a União Europeia tem vindo a convergir com o Governo angolano no alcance dos objectivos e sobre a necessidade de fortalecer o Estado de Direito. "Uma das áreas fundamentais de trabalho da União Europeia é o respeito pela dignidade humana, liberdade, democracia, igualdade, Estado de Direito, princípios que representam, entre si, a base de construção da União Europeia”, destacou.

A embaixadora frisou que, no quadro mais amplo da parceria com Angola, a União Europeia pretende contribuir para o reforço da protecção e do respeito pelos Direitos Humanos e liberdades fundamentais, observando que cada projecto financiado pela instituição internacional deve atingir metas baseadas nos Direitos Humanos.

Jeanette Seppen felicitou o trabalho da Provedoria de Justiça pelo contributo diário no atendimento aos cidadãos, investigações, visitas, recomendações, acções de fiscalização para desempenhar um papel crucial na construção de um país mais justo e igualitário.

Dentro da estratégia de parceria com Angola, a diplomata fez saber que a União Europeia apoia a promoção dos Direitos Humanos, através da cooperação com o Governo, grupos e associações da sociedade civil ou cidadãos que defendem os Direitos Humanos.

 

Considerações

 Entre outras considerações, o comunicado final da abertura da Semana do Provedor de Justiça, que contou com um ciclo de palestras, cita que a protecção dos direitos fundamentais só será eficaz se existirem diferentes mecanismos adequados de protecção para além dos jurisdicionais.

As sugestões, segundo o documento, são de a Provedoria de Justiça reforçar os mecanismos de aproximação aos cidadãos, ter uma actividade permanente de divulgação do seu papel e função.

A Semana do Provedor de Justiça, que decorre até ao dia 28 deste mês, contou, ontem, na abertura, com a presença de órgãos auxiliares do Titular do Poder Executivo, deputados, magistrados judiciais, do Ministério Público, representantes do Corpo Diplomático acreditado em Angola, organizações internacionais, advogados, membros da sociedade civil, professores e estudantes.

A Semana do Provedor de Justiça foi institucionalizada na sequência de um pronunciamento favorável do Conselho da Provedoria de Justiça, através de um despacho publicado no Diário da República e que representa o Dia do Provedor de Justiça, celebrado a 19 de Abril, e o da Provedoria é assinalado a 28 do mesmo mês.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

• Desejo fazer parte da equipe e actuar na ária de informática. Acredito que poderi executar meus conhecimentos teóricos e práticos e ajudar no crescimento da empresa e do grupo de trabalho.

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