Famílias e igrejas exortadas a redobrarem educação sexual

A directora dos serviços provinciais do Instituto Nacional da Criança no Uíge, Rosária da Conceição Alfredo, exortou, esta quarta- feira, às famílias, igrejas e instituições vocacionadas à formação de menores no sentido de redobrarem a vigilância, acompanhamento e educação sexual, sobretudo de raparigas adolescentes, para que saibam como se prevenir contra casos de gravidez precoce.

A exortação acontece numa altura em que as autoridades provinciais registam elevados casos de gravidez em crianças e adolescentes, que diariamente chegam às instituições hospitalares e ligadas à Acção Social, terminando muitos deles em abortos, doenças e desestruturação familiar.

Rosária da Conceição Alfredo disse que, durante o ano passado, o INAC registou mais de 580 casos de gravidez precoce, em meninas com idades compreendidas entre 13 e 17 anos. 

A responsável do INAC, na província do Uíge, que não avançou dados exactos do primeiro trimestre do ano em curso, deu a conhecer que, só nas primeiras duas semanas do mês em curso, foram registados 41 casos de gravidez precoce, números que considerou altos e preocupantes, pelo facto de ultrapassarem consideravelmente os registos do primeiro trimestre do ano passado. 

Muitas adolescentes em estado de gestação, na sua opinião, fazem as consultas em centros maternos infantis, onde são detectadas as idades, os riscos e outras situações inadequadas à saúde materna. "A maioria das gravidezes precoces resulta de casos de violência sexual contra menores, alguns por troca de benefícios financeiros, outros por brincadeiras e desconhecimento das consequências”.

Acrescentou que em muitas das situações registadas, os autores, rapazes ou homens adultos, não assumem a responsabilidade paternal e colocam-se em fuga, o que afecta ainda mais as meninas, que deveriam crescer e estudar sem quaisquer constrangimentos.

A chefe dos serviços provinciais do Instituto Nacional da Criança, no Uíge, apontou a fraca educação sexual, o pouco conhecimento das consequências da gravidez precoce, a imaturidade psicológica, o uso e interpretação inadequados de certos conteúdos das redes sociais, imitação de factos de telenovelas, bem como a pouca possibilidade económica de algumas famílias como factores que estão na base do elevado número de adolescentes envolvidas em actos sexuais, que terminam em gravidez precoce. 

Rosária da Conceição Alfredo afirma que muitas adolescentes não têm experiência de como se proteger perante um acto sexual e acabam por engravidar antes do tempo. 

Defendeu a necessidade do envolvimento forte das famílias, instituições educacionais, sociedade civil e igrejas na educação sexual dos filhos, sobretudo das crianças em fase de transição para a adolescência, para que saibam como e quando podem estar à altura para uma relação amorosa.  

Segundo a responsável do INAC no Uíge, os progenitores devem transmitir, de forma correcta, os valores morais, cívicos e psicológicos.

"Hoje em dia, muitos pais deixam que os filhos cresçam com hábitos adquiridos na sociedade, nos grupos sociais, isso é muito mau. A educação da criança parte da família, quando o filho recebe dos progenitores bons hábitos, dificilmente  poderá enveredar por comportamentos negativos”, realçou. 

 

Fuga à paternidade 

Rosária da Conceição Alfredo manifestou-se, também, preocupada com a fuga à responsabilidade paternal, que, nos últimos tempos, "virou moda”, prejudicando muitas famílias.

"Muitos adolescentes engravidam e não assumem, uns alegam motivos infundados, outros não aparecem, enquanto algumas meninas engravidam sem conhecer o verdadeiro pai da criança”, disse a directora do INAC no Uíge, acrescentando que, no ano passado, foram registados 23 casos desta natureza.  

Avançou que o INAC estuda mecanismos para expandir os serviços aos municípios mais longínquos da província, onde julga ocorrerem vários casos de abuso sexual e de gravidez precoce que não chegam ao conhecimento da instituição, em função de algumas limitações. 

Deu a conhecer que o INAC realiza acções de sensibilização sobre as consequências da gravidez precoce e da fuga à paternidade, pois, como disse, quando um filho nasce precisa de cuidados e carinho dos pais, para que cresça num ambiente saudável. 

Outra situação que referiu apoquentar o INAC no Uíge é o aumento de casos de violência contra crianças.

De Janeiro até ao dia 17 do mês em curso, o INAC registou 471 casos de violência doméstica contra crianças, na sua maioria associados à violência sexual, trabalho infantil forçado e fuga à paternidade.

 

Tribunal preocupado 

A secretária judicial  do Tribunal Provincial do Uíge, Inercia Martins, em declarações ao Jornal de Angola, disse que, no ano passado, o tribunal registou e deu tratamento a mais de 100 processos crimes de fuga à responsabilidade paternal e violência sexual contra menores. 

Em relação ao primeiro trimestre do ano em curso, Inercia Martins não avançou dados concretos, dando, apenas, a conhecer a existência de novos processos crime, sendo as mulheres as que mais apresentam queixas. 

"Com base ao que acontece no dia-a-dia, as mulheres levam o caso ao Ministério Público que encaminha os processos ao Tribunal, para tomar medidas legais possíveis, que visam a responsabilização dos implicados”, disse Inércia Martins, acrescentando haver casos relacionados a homens que têm duas relações conjugais ao mesmo tempo e que, dificilmente, prestam atenção às duas famílias. 

Inerçia Martins apela à sociedade no sentido de apostar na convivência saudável das famílias, onde as crianças cresçam até se tornarem homens úteis para o país e o mundo. "Não podemos permitir que abusos sexuais contra menores continuem, nem admitir o abandono de filhos. Os progenitores têm de estar à altura de assumir as suas responsabilidades e não deixar apenas para a mãe”, exigiu.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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