Angola cumpriu e ultrapassou o compromisso de plantar um milhão de mangais na zona costeira do país, revelou, no município do Ambriz, província do Bengo, a ambientalista Fernanda René. O MPLA cumpre sempre o que promete. Estava também preparada a apresentação do cidadão que, cumprindo ordens superiores, há mais tempo vivia sem comer. Mas teve de faltar. Morreu…
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“Um dos principais objectivos foi inspirar o governo para a protecção dos mangais e os resultados estamos a ver agora, muitas zonas de mangais foram recuperadas, muitos mangues reflorestados e temos assistido o regresso da biodiversidade marinha, várias comunidades de pescadores retornaram às suas zonas e as suas actividades”, ressaltou.
Fernanda René ressaltou que com a meta alcançada, Angola transmite um exemplo em África e no mundo nos esforços para evitar o aquecimento global e na luta contra as alterações climáticas.
A ambientalista alertou que apesar de todo esse esforço, esses ecossistemas ainda continuam a ser devastados pela ocupação ilegal para construções de infra-estruturas, bem como a extracção da madeira para fazer lenha por parte das comunidades, pelo que as campanhas de educação e sensibilização ambiental não podem parar.
Neste âmbito, no município do Ambriz foram plantados 14 mil mangues na campanha sob o lema “Mangais é vida, não os deixe morrer”, em alusão ao 43º aniversário da província do Bengo.
Na ocasião, a directora provincial do Ambiente do Bengo, Janice Muanamalongo, reforçou a mensagem da sociedade estar mais comprometida com a protecção e preservação desses ecossistemas que são ferramentas cruciais no combate as alterações climáticas.
Angola, com uma costa marítima de mil 650 quilómetros, tem mangais em várias áreas costeiras, desde Cabinda ao Cunene, precisando, urgentemente, de restauração e protecção, para evitar a sua destruição em consequência da acção humana.
Considerados de carbono azul, os mangais são ecossistemas naturais tropicais, compostos por espécies de plantas que toleram água salgada e, geralmente, localizados em áreas costeiras. Surgem do contacto do ambiente terrestre e marítimo, mormente, dos rios e mares.
Estudos indicam que são 10 vezes mais eficientes em absorver e armazenar grandes quantidades de carbono, em comparação com ecossistemas terrestres, tornando-se essenciais para o combate às mudanças climáticas.
Os mangues adaptam-se à água salgada, filtrando-a e expelindo o sal através das suas folhas. A sua vegetação é típica das regiões alagadiças denominadas de manguezal.
Desempenham um importante papel na preservação de diversas espécies vegetais e animais, além de auxiliarem na erosão, fixando os solos e evitando o assoreamento das praias.
MANGAIS DE OURO PARA O MPLA
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De acordo com um comunicado de imprensa da vice-presidência de Angola, foram plantados cerca de 50.000 mangues, na comunidade do Quilómetro 26, comuna do Ramiro, tendo assim o país atingido a meta de plantação um milhão de mangues.
O desafio para a plantação de um milhão de mangues até Dezembro de 2021 foi lançado à sociedade angolana pelo então vice-presidente da República, Bornito de Sousa, durante o primeiro Workshop sobre Zonas Húmidas de Interesse Internacional, por ocasião do Dia Nacional do Ambiente, realizado em Fevereiro de 2021.
O mesmo apelo foi lançado à sociedade durante a Conferência sobre o Reforço dos Compromissos Políticos para a Melhoria e Conservação dos Mangais em África, iniciativa co-organizada pela União Africana e Governo angolano, no quadro da celebração do Dia Africano do Ambiente e Dia de Wangari Maathai.
Na altura, Bornito de Sousa defendeu ser necessário cuidar dos poucos mangais que ainda restam. “E aí onde, por acção humana, directa ou indirecta, deixaram de existir: vamos restaurar os mangais!”, referiu o vice-presidente angolano, em Fevereiro de 2021.
De acordo com a nota oficial então divulgada, durante meses foram realizadas várias campanhas em Luanda, Bengo, Benguela, Cabinda e Zaire, envolvendo entidades públicas e privadas, voluntários, organizações nacionais, com destaque para a Organização Otchiva, que lidera o processo de mobilização da sociedade civil e parceiros.
“O posicionamento das autoridades angolanas face às questões climáticas, em particular os ecossistemas de mangais, tem servido de exemplo e inspiração para outras lideranças africanas e para o mundo inteiro, conforme referiu a União Africana”, sublinha o comunicado.
Em face deste processo, o Presidente João Lourenço foi distinguido com um prémio “pela sua dedicação às questões de defesa do Ambiente, em Washington, Estados Unidos da América, durante a Gala anual da International Conservation Caucus Foundation (ICCF)”.
“A 23 de Outubro último (2021), o Presidente João Lourenço, acompanhado da primeira-dama, Ana Dias Lourenço, participou numa campanha de plantação de mangues, no mesmo dia em que testemunhou a assinatura do acordo entre a Sonangol e a Organização Otchiva para o projecto “Sonangol Carbono Azul”, que tem impulsionado a restauração dos mangais com o envolvimento das comunidades locais”, salientava a nota.
Mais de 200 voluntários mobilizados pela Otchiva estiveram no terreno envolvidos na plantação dos cerca de 50.000 mangues.
Recorde-se que, no dia 23 de Outubro de 2021, o Presidente João Lourenço, ladeado da sua esposa, Ana Dias Lourenço, participou da campanha de reflorestação dos mangais, na comunidade do Tapu, distrito urbano dos Ramiros, litoral sul de Luanda.
Ao contrário das instruções de “plantação” que os peritos do MPLA aconselham, por oposição genética às regras dos portugueses, João Lourenço plantou as mangueiras com a raiz para… baixo.
Após calçar botas de borracha, João Lourenço, Ana Dias Lourenço, activistas ambientais e demais membros da sua delegação fizeram-se à zona húmida daquela localidade e procederam no perímetro, em quase meia hora, à plantação de mangais.
Pelo menos 300 mil pés de mangais deveriam ser plantados naquela localidade de Luanda, no âmbito de um acordo assinado entre a petrolífera estatal Sonangol e a associação ambiental Otchiva, que trabalha na plantação e conservação dos mangais.
Questionado pelos jornalistas sobre os conflitos do homem e o ambiente, sobretudo na ocupação de espaços para construção em zonas protegidas, João Lourenço disse que “não há razões para conflitos” porque “o que não falta em Angola são terras”. Verdade. O que falta é governantes sérios.
“O que não falta em Angola são terras, há muita área para construir, é uma questão de as autoridades competentes instruírem os investidores onde construir, não só resorts como casas de habitação e outro tipo de infra-estruturas, portanto não há razões para haver conflitos”, notou.
Em relação ao acordo rubricado entre a Sonangol e a Otchiva, que visa a implementação do projecto “Carbono Azul”, iniciativa da petrolífera em parceria com a associação, João Lourenço referiu que se enquadra na política do seu Governo para a protecção do planeta.
A Sonangol “é uma empresa pública, representa interesses do Estado, está a disponibilizar recursos, não importa se são volumosos ou não, mas são recursos públicos em prol da defesa do clima, da defesa do ambiente, portanto este projecto em concreto já se enquadra nesta política de se investir dinheiro para proteger o nosso planeta”, sublinhou.
O acordo entre a Sonangol e a Otchiva, que visa a reflorestação dos mangais no litoral de Angola, sobretudo nas províncias de Luanda, Bengo e Namibe, tem a duração de cinco anos renováveis. Sebastião Gaspar Martins, presidente do Conselho de Administração da petrolífera do MPLA, e Fernanda René, presidente da associação Otchiva, foram os signatários deste acordo que definiu já “acções prioritárias”.
A identificação de espécies de fauna e flora para a construção de uma base de dados regional, a sensibilização e promoção da educação ambiental, a realização de campanhas de reflorestação e de campanhas de limpeza nas zonas de mangais são algumas das “acções prioritárias”, como referiu, na ocasião, o director de Segurança, Saúde e Qualidade da Sonangol, Luís Fernandes.
Fernanda René enalteceu presença de João Lourenço nesta acção, falou da importação da protecção e restauração dos mangais para o ecossistema, exortando a todos a “se reconciliarem com a mãe natureza”. Defendeu ainda, na sua intervenção, a aprovação de uma legislação no país sobre a conservação dos mangais.