Transversalidade da vida e obra do “Poeta Maior” editada em livros
Após esta cerimónia em Luanda, tem agendado actos similares nas demais províncias, numa jornada enquadrada nas celebrações do Centenário do Dr. António Agostinho Neto, Poeta Maior, Primeiro Presidente da República e fundador da Nação. Deste modo as solicitações em função da distribuição limitada da primeira edição em 2016 serão correspondidas.
A obra proporciona aos leitores o reencontro com poemas emblemáticos de Agostinho Neto como "Havemos de Voltar", "Meia noite na Quitanda", Adeus á Hora da Largada", "Içar da Bandeira", " Kinaxixi", "Velho Negro", "Sábados nos Musseques", "Dois Anos de Distancia", "Um Bouquet de Rosas""Mussunda Amigo", "Bamako" e outros que o consagraram como um poeta apreciado e estudado em vários pontos do mundo.
Nos textos da poesia de Neto estão expostos esteticamente as ânsias e raivas do povo dos musseques, analisando socialmente a situação histórica, referindo as aspirações, o desejo de mudança e a esperança desse povo.
Estes aspectos foram tidos em conta no ano passado que culminou com a atribuição do Prémio Nacional da Cultura e Artes, categoria de literatura. Numa das passagens do texto justificativo encontramos " a transversalidade da obra de António Agostinho Neto confere aos seus poemas a possibilidade de serem explorados não só como textos de conteúdo político, a partir do princípio lógico digital da escrita, mas também permite considerar as palavras e frases aí contidas como eventos que engatilham ritmos e oralidades como células cromáticas, sonoras, visuais e gestuais que dão movimento e circularidade aos escritos poéticos como matéria artística.
Revista Memorial Especial Centenário
No âmbito da programação cultural do MAAN e das celebrações dos cem anos de Agostinho Neto será lançado o número 3 da Revista Memorial, "Edição Especial Centenário". A coordenação desta publicação fez coincidir este lançamento com da obra poético Completa de Agostinho Neto.
A publicação é dirigida a estudiosos, académicos e público em geral tendo como foco a divulgação de trabalhos de investigação científica, artística e literária e um reportório documental sobre Dr. António Agostinho Neto e a memória do percurso epopeico da história moderna do nacionalismo angolano.
Encontramos depoimentos de personalidades nacionais e estrangeiras que conviveram com Agostinho Neto e pesquisadores do nacionalista e homem das letras. O editorial é da autoria de Roberto de Almeida, numa edição onde encontrarão artigos de : António Quino, André Almeida Panzo, Bonifácio António, Carmen Tindó, David Capelenguela, Inocência Mata, Fátima Sampaio Fernandes, Hélder Simbad, João Maimona, José Luís Mendonça, Pires Laranjeira, Roberto de Almeida e Virgílio Coelho.
A Fundação Dr. António Agostinho Neto tem como objectivo promover a pesquisa e divulgação da vida e da obra do seu patrono, dentre as quais a edição e publicação de obras literárias, promoção de trabalhos de investigação sobre a cultura angolana, o apetrechamento de instituições escolares com material bibliográfico sobre a vida e obra do fundador da Nação e primeiro Presidente de Angola, entrega de donativos à instituições de caridade e unidades sanitárias.
O patrono, António Agostinho Neto nasceu em Kaxicane, Icolo e Bengo, a 17 de Setembro de 1922, e morreu em Moscovo, a 10 do mesmo mês do ano de 1979. Carinhosamente tratado por Manguxi e Kilamba foi médico, escritor, humanista e político. Como primeiro Presidente de Angola, proclamou a independência de Angola, do então jugo colonial português, a 11 de Novembro de 1975. É uma referência da literatura nacional, tem obras traduzidas em diversas línguas, com destaque para "Quatro Poemas de Agostinho Neto”, em 1957, "Sagrada Esperança” (1974) e "A Renúncia Impossível” (1982).
Prémio Nacional da Cultura e Artes, 2022
O ano passado o júri do Prémio Nacional da Cultura e Arte atribuiu por unanimidade o galardão na categoria de literatura, à António Agostinho Neto. No texto de justificação partilhado, menciona que" o poeta merece a distinção no ano da comemoração do seu centenário de nascimento pela transversalidade e valor multifacetado da sua obra e pensamento, pelo modo como se abre às problemáticas das culturas em Angola, das línguas nacionais, à filosofia africana, à questão da mulher e o seu entrelaçamento com as outras disciplinas artísticas, tais como a música, a dança, o cinema, o teatro e a literatura universal".
Os textos do Fundador da Nação angolana, sublinha, produzem significação que os traduz como poéticas do múltiplo e escrituras expandidas nas séries da cultura. Trata-se de um Poeta que nos ajuda a consolidar a política que nos deve orientar na construção da unidade nacional, assente no respeito pela diversidade cultural dos diferentes povos que constituem Angola; além disso, estes textos permitem-nos construir nos domínios do ensino e aprendizagem e da investigação, problemas de ordem intelectual e prática ao serviço dos nossos mais profundos e elevados valores.