ACNUR: Conflito no Sudão desloca 1,5 milhões de pessoas

Mais de 1,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas desde o início dos confrontos no Sudão, a 15 de Abril, segundo uma nova contagem recente da ONU divulgada terça-feira pela AFP.

Os números constam de um relatório elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), que prevê que as deslocações continuarão a aumentar nas próximas semanas, se não houver um acordo final entre os beligerantes: o exército regular sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

As duas agências da ONU registaram mais de 1,2 milhões de pessoas deslocadas internamente, enquanto cerca de 360 mil   pessoas atravessaram as fronteiras para outros países. As Nações Unidas alertaram para o facto de a situação continuar a ser particularmente complexa em zonas como a capital, Cartum, e na região de Darfur, com problemas até para a ajuda humanitária chegar a Cartum.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) entregou o primeiro lote de ajuda a Cartum no final de Maio. A crise está também a alastrar aos países vizinhos, onde continuam a chegar refugiados quase diariamente, bem como repatriados e cidadãos de países terceiros.

Considerando apenas o Egipto, já entraram mais de 170 mil pessoas, enquanto no Tchad o número já ultrapassa as 100 mil e no Sudão do Sul cerca de 87 mil. Entretanto, de acordo com o ACNUR, cerca de 35 mil pessoas atravessaram a fronteira etíope e cerca de 14 mil chegaram à República Centro- Africana (RCA).

Efeitos na República Centro-Africana

A situação humanitária no Norte da RCA agravou-se devido ao conflito no Sudão, revelou ontem o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês). O coordenador humanitário residente da ONU na República Centro-Africana, Mohamed Ag Ayoya, disse numa conferência de imprensa em Ge-nebra que cerca de 14 mil refugiados já chegaram ao país vindos do Sudão, resultado do conflito que opõe o exército sudanês ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês). Mais de 6.300 dos refugiados são sudaneses e cerca de 3.460 são centro-africanos que regressam ao seu país.

"O fim do tráfego comercial na fronteira está a aumentar a pressão sobre os já limitados recursos disponíveis e a colocar em risco 130 mil pessoas vulneráveis no país”, alertou Ag Ayoya. Além disso, o coordenador disse que o conflito no país vizinho está a dificultar o transporte rodoviário de ajuda humanitária para o Norte da RCA, especialmente nos municípios de Vakaga e Bamingui-Bagoran.

Para fazer face a esta situação, o Gabinete das Nações Unidas prevê que necessitará de mais 69 milhões de dólares para cobrir as emergências da população do país. Actualmente, mais de metade da população da RCA (3,4 milhões de pessoas) necessita urgentemente de ajuda humanitária.

Para além de Ag Ayoya, a ministra da Acção Humanitária da República Centro-Africana, Virginie Baikoua, esteve presente na conferência, assegurando que o seu país continua a ser "uma terra de acolhimento”, apesar dos muitos problemas que enfrenta. Questionada sobre a alegada colaboração do grupo mercenário russo Wagner com o Governo centro-africano, Baikoua limitou-se a dizer que o seu país tem recebido apoio de vários países em diferentes domínios, incluindo a formação das forças armadas do país.

Pedro João Cassule Manuel Manuel

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