O corpo diplomático africano, acreditado na República Popular da China, defende a necessidade imperiosa de a União Africana (UA) ser integrada como membro de pleno direito do G20.
Justificou a pretensão dos países africanos com o facto de acreditar que "será por intermédio da presença permanente que a União Africana terá a possibilidade de se pronunciar”, em particular "sobre as grandes decisões económicas e financeiras que lhe digam respeito”.
De igual modo, Azali Assoumani reiterou a necessidade de implementação de reformas que permitam ao continente ter representação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, de forma a "acabar com a injustiça sempre infligida à África”.
A mensagem do presidente da União Africana é corroborada pelo embaixador angolano, João Salvador Neto, que acrescentou ser também necessário que a organização reflicta sobre a importância do continente ser cada vez mais unido e procurar resolver os problemas de forma pacífica e por via do diálogo.
"Em Angola, somos um exemplo disso. Resolvemos por nós mesmos, por via do diálogo entre os irmãos o conflito que tínhamos. Hoje, estamos a consolidar o nosso sistema democrático em esforços muito grandes para desenvolver a economia, por via da diversificação”, disse, apelando, em seguida, para a necessidade de se "ser incansável” no exercício de unir a África.
Os imensos recursos que África dispõe, segundo ainda o diplomata angolano, se forem explorados de forma sustentável e em benefício dos povos africanos, podem oferecer melhores condições de vida para os cidadãos.
"A África precisa de despertar e avançar. Os jovens africanos têm de assumir, também, este desafio. Têm a oportunidade de estudar na China e outros países com um nível de desenvolvimento e conhecimento muito elevados. Se absorverem muito bem os conhecimentos que adquirem, tenho a certeza que os nossos jovens terão uma participação muito activa em todo o processo de pacificação e desenvolvimento económico do nosso continente”, acrescentou.
Guerra no Sudão
A paz, segurança, democracia e o desenvolvimento do continente, de acordo com o líder da Uniãɔ Africana, estão ameaçados em várias regiões, tendo citado o exemplo do Sudão, que se encontra mergulhado numa grave crise política.
Em face disso, Azali Assoumani sugeriu que se deve convencer os irmãos sudaneses a primarem pelo diálogo, para que se termine agora com o conflito armado que assola o país há várias semanas, e que só irá enfraquecer ainda mais este grande país irmão”.
Para o representante permanente da União Africana para a República Popular da China, Rahamtalla Mohamed Osman, muitos dos Estados-membros estão em crise, fruto de ataques internos mortais, alimentados pela busca desenfreada pelo poder supremo, com o corolário da perda significativa de vidas humanas.
Além da fragmentação política e social, disse, os elementos significativos do património estão a ser destruídos, na sequência do quadro trágico associado a factores negativos, como o declínio democrático, opressão, insegurança, propagação do terrorismo, extremismo violento e circulação descontrolada de armas.
Referiu serem, estes, alguns dos temas que devem servir de reflexão para o continente, num momento em que celebrou os 60 anos da União Africana.
"Há a necessidade de reflexão sobre o caminho para identificar corajosamente as causas profundas, mas, acima de tudo, esforçar-se por traduzir em acções o compromisso assumido pelos nossos líderes, em ver a África unida”, sublinhou.
O também diplomata considera que, apesar das dificuldades de vária ordem, a África continua a caracterizar-se pela sua grande capacidade de resiliência, destacando o facto de ter conseguido, perante previsões alarmistas da época, manter-se firme diante da pandemia da Covid-19.
"Melhor ainda, o continente agarrou a oportunidade deste infortúnio para repensar a sua estratégia de saúde, numa concertada acção dos nossos Chefes de Estado e de Governo”, referiu.