O estilo musical semba é reconhecido hoje, em Luanda, a Património Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura e Turismo, no âmbito do programa nacional das celebrações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado hoje.
De acordo com o wikipédia, o semba é um género de música e de dança tradicionais de Angola. A palavra significa ’’umbigada’’ em kimbundo. Numa tradução livre, o semba representa "o corpo do homem que entra em contacto com o corpo da mulher ao nível da barriga”..
Este estilo tem nas origens a massemba, a umbigada e as batucadas e tornou-se muito popular na década de 1950. O cantor Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na massemba (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois.
Enquanto género musical, o semba actual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assentes fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas. Deu também origem a vários outros estilos, como o samba brasileiro.
Corredor do Kwanza
Ainda hoje, o Ministério da Cultura e Turismo coloca na lista de Património Nacional o itinerário fluvial denominado "Corredor do Cuanza”, por ser um importante repertório da história de memórias do país. Uma matéria publicada pelo Jornal de Angola, em 2011, por ocasião da realização da segunda edição da Feira do Dondo, numa exposição fotográfica intitulada "Corredor do Kwanza: Memória e História de Muxima, Massangano, Cambambe e Dondo ”, organizado pelo Arquivo Nacional de Angola, apresentaram locais históricos da região de Kambambe, município do Cuanza-Norte, em imagens que realçam os lugares onde os agentes económicos da época (século XVI) faziam paragens para as suas trocas comerciais.
As fotografias mostram, também, os roteiros fluviais e terrestres das caravanas comerciais que passavam, desde o século XVI, pelas localidades da Muxima, Massangano, Cambambe e Dondo. Segundo a direcção do Arquivo Nacional de Angola, na época, a exposição tinha como objectivo concretizar o lançamento oficial de um projecto de chamar a atenção das autoridades competentes, no sentido de inscrever o corredor do Kwanza na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A importância do Corredor do Kwanza, segundo os historiadores, deve-se ao facto de no passado ter sido uma região que simbolizou o intercâmbio cultural, económico e social de povos de diferentes regiões e reinos de Angola.
O nome Muxima deriva, de acordo com os dados históricos, do soberano Muxima Kita Mbonje (ou Muxima Ua Ngombe) que reinava na altura do contacto com os portugueses. Massangano, na língua kimbundo, segundo Cordeiro da Mata, significa confluência, ponto de encontro entre os rios Lucala e Kwanza, enquanto Kambambe foi denominada pelos portugueses entre 1603-1604, após renhidos combates. A sua capital, o antigo Conselho do Dondo, teve uma grande importância comercial, pois contribuiu para a navegação a vapor no rio Kwanza, empreendida em 1869.
A vila histórica do Dondo já era conhecida pelos portugueses no século XVII, pois já se fazia a Feira do Dondo entre 1623 e 1625, tendo a localidade assumido um papel crucial depois de 1825, com o desenvolvimento do comércio.
A preservação do património
De acordo com o programa nacional das celebrações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalados a 18 de Abril, está previsto para hoje às 9h30, a realização de uma mesa- redonda sobre "A Salvaguarda do Património Cultural, Material e Imaterial, em Angola”, no Palácio de Ferro, em Luanda.
A jornada será ainda preenchida pela realização de conferências, palestras, exposições fotográficas e documentais. Na quarta-feira, 18, está prevista, igualmente, a realização do seminário provincial sobre a "Gestão do Património Cultural” que terá lugar no Município de Gambos, na província da Huila, dedicado ao reforço das capacidades técnicas dos gestores do património naquela província.
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural, Cecília Gourgel explicou que estava prevista o descerramento de algumas placas na capital do país, acto que poderá ser adiado para uma data oportuna a ser indicada ainda no decorrer deste mês por motivos técnicos.
Como é habitual, o Ministério da Cultura e Turismo declara todos os anos alguns bens na lista a Património Nacional na data de 18 de Abril, Dia Mundial dos Monumentos e Sítios. Este ano, justificou, o programa fica reduzido às actividades no Palácio de Ferro e as província foram orientadas a realiza várias actividades para simbolizar a data, como visitas guiadas aos monumentos e sítios locais
Educar a juventude
Uma sociedade que não conhece o valor patrimonial histórico, arquitectónico, natural, as manifestações e rituais de importância nacional e mundial incalculável, corre o risco de nunca saber valorizar, preservar e ajudar a difundi-lo, observou Cecília Gourgel.
Por essa razão, explicou, este ano, a jornada tem um programa vasto que envolve estudantes, sobretudo de arquitectura e engenharia dos cursos médios e universitários que vão participar dos seminários e da mesa- redonda sobre "A Salvaguarda do Património Cultural, Material e Imaterial, em Angola”.
Para a directora do Instituto Nacional do Património Cultural é importante que a juventude passe a conhecer melhor o valor patrimonial do Monumentos e Sítios Nacionais. Quem não conhece a história, frisou, nunca conseguirá preservar. Por isso, incentiva as escolas e não só a criação de programas escolares, no sentido dos estudantes aprofundarem mais sobre os locais históricos. "A nossa juventude precisa conhecer o que é monumento, património, sítio e locais históricos. Só conhecendo é que se poderá dar o devido valor à preservação do património.”
A data, disse, os angolanos são convidados a fazer uma reflexão individual e colectiva sobre as questões relacionadas com a preservação, valorização e gestão do rico e diversificado acervo patrimonial.
As acções e actividades projectadas para as comemorações das jornadas, no presente ano, explicou, visam a promoção de um conhecimento mais sólido sobre o património, procurando-se, deste modo, aproximar a sociedade e a população das iniciativas públicas em relação à salvaguarda e promoção do acervo patrimonial. Neste contexto, lembrou foi adoptado o lema "Conhecer para Preservar”, que se pode traduzir como uma oportunidade para, a nível nacional, conhecer e reforçar o compromisso com a preservação da herança e as responsabilidades que se deve interiorizar, no processo de passagem para as futuras gerações.