Pelo menos 66 por cento do emprego feminino na África subsaariana foi criado pelos sistemas agro-alimentares, cifra ultrapassada apenas pelo Sul da Ásia, onde 71 por cento das mulheres trabalham neste segmento, disse, recentemente, em Roma (Itália), a Comissária Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável.
Citada por um comunicado de imprensa, a diplomata fez saber que capacitar as mulheres e reduzir a diferença de género nos sistemas agro-alimentares é, portanto, uma "boa economia” e uma situação " win –win que conduziria a benefícios sistemáticos para as mulheres e para a sociedade no seu conjunto, reduzindo a fome, aumentando os rendimentos e reforçando a resiliência das comunidades rurais, tal como demonstrado neste relatório”, vincou .
"Devemos trabalhar em conjunto para sistemas agro-alimentares, justos e sustentáveis, especialmente se os objectivos de desenvolvimento sustentável tiverem de ser alcançados até 2030, especialmente o de igualdade de género e empoderamento das mulheres e raparigas, eliminando a pobreza e acabar com a fome ", frisou a embaixadora de carreira.
No seu entender, o acesso das mulheres a bens e recursos fundamentais para os sistemas agro-alimentares - tais como terra, insumos, serviços, finanças e tecnologia digital - continua a ficar aquém da realidade , pois, as mulheres na agricultura ainda têm significativamente menos acesso do que os homens aos factores de produção, incluindo sementes melhoradas, fertilizantes e equipamento mecanizado.
Para colmatar a lacuna existente, a Comissária da UA , disse que se deve partir em primeira instância, na recolha e utilização de dados de alta qualidade, desagregados por sexo, idade e outras formas de diferenciação social e económica, e a implementação de investigação rigorosa qualitativa e quantitativa sobre o género, importância primordial para o acompanhamento, avaliação e aceleração dos progressos em matéria de igualdade de género nos sistemas agro-alimentares.
Reforçou a sua posição que a capacitação das mulheres nos sistemas agro-alimentares para colmatar as disparidades e a adopção de intervenções específicas que integram acções explícitas em prol da igualdade de género e do empoderamento das mulheres, devem utilizar, abordagens transformadoras a nível comunitário e nacional para abordar normas e atitudes discriminatórias de género.
O Relatório da FAO revela que as políticas e orçamentos nacionais na África Oriental e na América Latina, lacunas estruturais no acesso à terra, insumos, serviços, finanças e tecnologia digital, e incluiu esforços para produzir resultados que respondam às questões de género.
Ressalta ainda o documento apresentado na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação que as mulheres africanas geralmente colhem frequentemente uma colheita escassa, estimada em 20 a 30 por cento menos do que os homens agricultores, não devido a condições climáticas adversas ou a má qualidade do solo, mas devido ao seu género - mais especificamente, devido a uma infinidade de leis, políticas, programas e costumes que as colocam numa situação de desvantagem significativa.